Tensão marca novos protestos contra reforma trabalhista na França
(Atualiza com número de manifestantes e detidos).
Paris, 26 mai (EFE).- O oitavo dia de manifestações contra o projeto de reforma trabalhista que o governo francês pretende implementar foi marcado pela tensão, que gerou distúrbios em diferentes pontos do país nesta quinta-feira.
A queda de braço entre os principais sindicatos e o primeiro-ministro Manuel Valls por conta das remodelações ao código de trabalho voltou às ruas e continuou a afetar setores sensíveis da economia francesa como o transporte, os combustíveis e o fornecimento de energia elétrica.
A escassez ameaça os postos de gasolina, dos quais entre 20% e 30% tiveram as reservas esgotadas. O motivo para o problema é que seis das oito refinarias do país se encontram total ou parcialmente paradas, segundo a União Francesa de Indústrias Petrolíferas (UFIP).
A greve também afeta desde a noite da quarta-feira as 19 usinas nucleares do país (que geram mais do 75% da eletricidade), cujos 58 reatores não foram desligados, mas funcionaram com uma baixa de carga, que nesta manhã era de 5.000 megawatts.
Enquanto isso, a greve de controladores aéreos organizada em meio aos protestos resultou o cancelamento de 105 voos no aeroporto parisiense de Orly hoje.
Um porta-voz da diretoria da Aviação Civil (DGAC) ressaltou à Agência Efe que os cancelamentos corresponderam às orientações dadas às companhias aéreas para que reduzissem em 15% a programação em Orly.
Mas hoje foi o dia dos manifestantes, que foram às ruas em grande número para protestar contra o que consideram uma rendição do governo socialista às políticas neoliberais.
As autoridades afirmam que 153 mil pessoas participaram das manifestações em todo o país, números que os sindicatos elevaram para 300 mil.
Segundo o Ministério do Interior francês, 77 pessoas foram detidas no país, 36 delas na capital, e 15 agentes das forças de segurança ficaram feridos nos confrontos.
Cerca de 20 mil pessoas segundo a polícia - o sindicato Força Operária elevou calculou 100 mil - participaram da manifestação em Paris, entre as praças da Bastilha e da Nação.
A tensão era clara na praça da Nação, com centenas de agentes antidistúrbios bloqueando o acesso ao local após dezenas de encapuzados queimarem contêineres e lançarem objetos em direção à polícia, que respondeu com o uso de gás lacrimogêneo.
De acordo com a imprensa francesa, às 19h locais (12h em Brasília) tinham sido detidas pelo menos 31 pessoas por participação nos incidentes.
A polícia vistoriava as bolsas e mochilas de todos que se aproximavam à manifestação e advertia que era melhor não irem ao local devido ao risco de novos confrontos, enquanto um grupo de manifestantes equipados com capacetes e lenços se misturava ao resto dos participantes do protesto.
Entre a fumaça deixada pelos gás lacrimogêneo e por pequenos incêndios, cartazes com palavras de ordem como "Exigimos a democracia" eram espalhados por alguns dos sindicalistas presentes como Jean Kister, da Confederação Geral do Trabalho (CGT).
"Estamos dispostos a ir até o fim. O objetivo das manifestações e das greves é a retirada completa do texto porque é uma volta ao século XIX", afirmou o sindicalista da divisão de pesquisa da CGT.
Uma mensagem de firmeza similar, embora de conteúdo oposto, foi dita hoje pelo primeiro-ministro, Manuel Valls, para defender que "não será modificada a filosofia geral do texto", e principalmente o polêmico artigo 2, que estabelece a primazia da negociação dentro da empresa, em detrimento dos convênios coletivos.
O ministro das Finanças, Michel Sapin, tinha aberto a porta anteriormente para um replanejamento do polêmico artigo, em um racha dentro do governo, mas Valls se apressou para negar essa possibilidade de forma taxativa.
Além disso, o primeiro-ministro se mostrou muito crítico em relação à mobilização feita pela CGT, que considerou "irresponsável", e alertou que as autoridades vão "continuar desbloqueando" as instalações petrolíferas e industriais cujos acessos foram fechados pelos grevistas.
"Todas as possibilidades estão sobre a mesa", disse Valls em uma entrevista ao canal "BFM TV" quando perguntado se poderia recorrer às disposições que permitem obrigar os grevistas a voltarem ao trabalho em caso de força maior.
O chefe do governo reiterou que o projeto de lei para a reforma trabalhista acabará sendo aprovado e não descartou voltar a utilizar o mecanismo constitucional ao qual já recorreu para evitar a votação na Assembleia Nacional, onde não tinha maioria pela fratura em seu próprio partido socialista.
Paris, 26 mai (EFE).- O oitavo dia de manifestações contra o projeto de reforma trabalhista que o governo francês pretende implementar foi marcado pela tensão, que gerou distúrbios em diferentes pontos do país nesta quinta-feira.
A queda de braço entre os principais sindicatos e o primeiro-ministro Manuel Valls por conta das remodelações ao código de trabalho voltou às ruas e continuou a afetar setores sensíveis da economia francesa como o transporte, os combustíveis e o fornecimento de energia elétrica.
A escassez ameaça os postos de gasolina, dos quais entre 20% e 30% tiveram as reservas esgotadas. O motivo para o problema é que seis das oito refinarias do país se encontram total ou parcialmente paradas, segundo a União Francesa de Indústrias Petrolíferas (UFIP).
A greve também afeta desde a noite da quarta-feira as 19 usinas nucleares do país (que geram mais do 75% da eletricidade), cujos 58 reatores não foram desligados, mas funcionaram com uma baixa de carga, que nesta manhã era de 5.000 megawatts.
Enquanto isso, a greve de controladores aéreos organizada em meio aos protestos resultou o cancelamento de 105 voos no aeroporto parisiense de Orly hoje.
Um porta-voz da diretoria da Aviação Civil (DGAC) ressaltou à Agência Efe que os cancelamentos corresponderam às orientações dadas às companhias aéreas para que reduzissem em 15% a programação em Orly.
Mas hoje foi o dia dos manifestantes, que foram às ruas em grande número para protestar contra o que consideram uma rendição do governo socialista às políticas neoliberais.
As autoridades afirmam que 153 mil pessoas participaram das manifestações em todo o país, números que os sindicatos elevaram para 300 mil.
Segundo o Ministério do Interior francês, 77 pessoas foram detidas no país, 36 delas na capital, e 15 agentes das forças de segurança ficaram feridos nos confrontos.
Cerca de 20 mil pessoas segundo a polícia - o sindicato Força Operária elevou calculou 100 mil - participaram da manifestação em Paris, entre as praças da Bastilha e da Nação.
A tensão era clara na praça da Nação, com centenas de agentes antidistúrbios bloqueando o acesso ao local após dezenas de encapuzados queimarem contêineres e lançarem objetos em direção à polícia, que respondeu com o uso de gás lacrimogêneo.
De acordo com a imprensa francesa, às 19h locais (12h em Brasília) tinham sido detidas pelo menos 31 pessoas por participação nos incidentes.
A polícia vistoriava as bolsas e mochilas de todos que se aproximavam à manifestação e advertia que era melhor não irem ao local devido ao risco de novos confrontos, enquanto um grupo de manifestantes equipados com capacetes e lenços se misturava ao resto dos participantes do protesto.
Entre a fumaça deixada pelos gás lacrimogêneo e por pequenos incêndios, cartazes com palavras de ordem como "Exigimos a democracia" eram espalhados por alguns dos sindicalistas presentes como Jean Kister, da Confederação Geral do Trabalho (CGT).
"Estamos dispostos a ir até o fim. O objetivo das manifestações e das greves é a retirada completa do texto porque é uma volta ao século XIX", afirmou o sindicalista da divisão de pesquisa da CGT.
Uma mensagem de firmeza similar, embora de conteúdo oposto, foi dita hoje pelo primeiro-ministro, Manuel Valls, para defender que "não será modificada a filosofia geral do texto", e principalmente o polêmico artigo 2, que estabelece a primazia da negociação dentro da empresa, em detrimento dos convênios coletivos.
O ministro das Finanças, Michel Sapin, tinha aberto a porta anteriormente para um replanejamento do polêmico artigo, em um racha dentro do governo, mas Valls se apressou para negar essa possibilidade de forma taxativa.
Além disso, o primeiro-ministro se mostrou muito crítico em relação à mobilização feita pela CGT, que considerou "irresponsável", e alertou que as autoridades vão "continuar desbloqueando" as instalações petrolíferas e industriais cujos acessos foram fechados pelos grevistas.
"Todas as possibilidades estão sobre a mesa", disse Valls em uma entrevista ao canal "BFM TV" quando perguntado se poderia recorrer às disposições que permitem obrigar os grevistas a voltarem ao trabalho em caso de força maior.
O chefe do governo reiterou que o projeto de lei para a reforma trabalhista acabará sendo aprovado e não descartou voltar a utilizar o mecanismo constitucional ao qual já recorreu para evitar a votação na Assembleia Nacional, onde não tinha maioria pela fratura em seu próprio partido socialista.
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