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Empresas espanholas mantêm confiança no Brasil apesar da recessão

06/06/2016 19h28

Rio de Janeiro, 6 jun (EFE).- As empresas espanholas confiam na recuperação da economia brasileira, apesar da grave recessão do país e a sua crise política, destacaram nesta segunda-feira no Rio de Janeiro os participantes de um encontro de representantes de companhias da Espanha no Brasil.

"Acredito que já começamos a ver elementos positivos na economia do Brasil, no âmbito do comércio exterior, no âmbito da inflação, no âmbito da confiança dos agentes econômicos", disse o embaixador da Espanha no Brasil, Manuel de la Cámara, diante de 140 empresários espanhóis.

Os empresários espanhóis "sabem que o Brasil está passando por um momento de dificuldade, mas confiam em que isso vai ser superado. E têm projetos de longo prazo. Já vemos indicadores de melhoria e as empresas espanholas seguem apostando no país", disse por sua parte Carolina Carvalho, diretora-executiva da Câmara de Comércio Espanhola no Brasil, a organizadora do encontro.

A reunião aconteceu uma semana depois de o governo brasileiro reconhecer que a recessão econômica do país completou dois anos e que no primeiro trimestre de 2016 a economia sofreu uma contração de 5,4% frente ao mesmo período de 2015.

O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 3,8% no ano passado e os economistas preveem para 2016 uma contração do mesmo tamanho. Se tal previsão se confirmar, será a primeira vez que o Brasil encadeará dois anos consecutivos de crescimento negativo desde a crise de 1930.

O encontro de empresários espanhóis no Brasil ocorreu também três semanas depois que o vice-presidente Michel Temer assumiu como presidente interino no lugar de Dilma Rousseff, afastada do cargo pelo Senado durante o período que durar o processo de impeachment.

Até agora, Temer anunciou várias medidas para ajustar as contas públicas, um dos maiores desafios do país, a fim de recuperar a confiança dos empresários e investidores, e impulsionar o crescimento econômico.

"Como embaixador da Espanha estou seguindo muito de perto a evolução no Brasil e acredito que a equipe econômica que foi montada em Brasília é uma equipe muito profissional, tem ideias muito claras e vamos ver se podemos avançar e recuperar o crescimento econômico, que é o que todos esperamos", disse De la Cámara.

O diplomata acrescentou que se reuniu com alguns membros do novo governo para explicar-lhes que a Espanha é "um investidor que vai permanecer aqui por muitos anos e que nossas empresas, especialmente na área de infraestrutura de transporte e de energia, estão prontas para fazer negócios e para fazer presença nos leilões de concessões que o governo pretende realizar nos próximos anos".

"Já se veem alguns sinais de melhoria e confiança. Isso é algo que se verá pouco a pouco, mas vemos como algumas ações estão sendo tomadas de forma acertada e estamos trabalhando também para apoiar às empresas no que for possível, para que entendam melhor as medidas e que vejam as oportunidades que podem surgir a partir de agora", completou Carvalho.

"Prova desse fato é que a Espanha é hoje o terceiro maior investidor direto no Brasil", acrescentou, ao lembrar que o investimento acumulado pelas empresas espanholas no país chega a cerca de US$ 64 bilhões.

Carvalho disse que a Câmara Espanhola conta com cerca de 300 associados e, apesar ter sede em São Paulo, decidiu promover um encontro no Rio de Janeiro pelo grande número de empresas espanholas no estado e pelas oportunidades surgidas com os Jogos Olímpicos.

"O objetivo deste encontro é oferecer aos empresários espanhóis estabelecidos no Brasil, neste caso no Rio, uma oportunidade de relação tanto com as autoridades espanholas como com as autoridades do governo do Rio de Janeiro", ressaltou.

Carvalho acrescentou que a Câmara quer reforçar sua presença no Rio por tratar-se da segunda maior economia estadual do país.

Segundo o embaixador, assim como ocorreu em Barcelona em 1992, quando os Jogos permitiram uma reforma na cidade e atraíram investimentos em infraestrutura, as Olimpíadas de 2016 também ofereceram oportunidades para transformar o Rio de Janeiro, com investimentos e novas construções, assim como para "aumentar a confiança".