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Presidente do BCE defende maior alinhamento entre os bancos centrais

28/06/2016 12h11

Sintra (Portugal), 28 jun (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, argumentou nesta terça-feira que os bancos centrais de todo o mundo devem deixar de se preocupar somente com o mercado doméstico que cada um supervisiona para buscar maior alinhamento e convergência.

Esta foi a principal mensagem transmitida por Draghi durante seu discurso inaugural do fórum anual organizado pelo BCE na cidade de Sintra, em Portugal, intitulado "O futuro da arquitetura monetária e financeira internacional" e que reúne representantes de vários bancos centrais, professores universitários de prestígio e outros cargos de direção do BCE.

"Pode ser que (os bancos centrais) não necessitem de uma coordenação formal de suas políticas, mas podem se beneficiar do alinhamento destas políticas. Quando falo de alinhamento, me refiro a um diagnóstico partilhado sobre as causas dos desafios que afetam a todos, e a um acordo para dirigir as políticas domésticas para esse diagnóstico", opinou o economista italiano.

Para Draghi, encontros como este do BCE "não podem obrigar os países a tomar ações específicas, mas o reconhecimento mútuo dos interesses em comum pode servir como um instrumento de coordenação".

Em seu discurso, o titular do BCE qualificou de "decepcionante" o resultado do acordo alcançado no G20 em 2014, quando os ministros de finanças e os governadores dos bancos centrais dos países que fazem parte do grupo acordaram acelerar o crescimento em 2% até 2018.

"Este é um exemplo de como as intenções e as ações podem divergir", lamentou Draghi, que, em contraste, lembrou o "exemplo bem-sucedido" proporcionado anos antes, em 2008 e 2009, quando se estipulou aplicar medidas de expansão fiscal em nível global.

"Temos que pensar não apenas se nossas políticas monetárias em nível doméstico são apropriadas, mas se estão devidamente alinhadas (com as dos outros bancos centrais)", defendeu o presidente do BCE.

"Isso não é uma preferência ou uma escolha. É simplesmente a nova realidade com a qual nos deparamos", frisou o economista italiano no encerramento de seu discurso.

O presidente do BCE considerou que as políticas monetárias aplicadas nos últimos anos pelos diferentes bancos centrais "provocaram, inevitavelmente, consequências secundárias desestabilizadoras", como refletem as oscilações no mercado de divisas.

"Isso não é um resultado das medidas empregadas pelos bancos centrais, mas da intensidade com a qual foram usadas", precisou Draghi.

Para o presidente do BCE, essas consequências secundárias foram responsáveis por reativar o debate sobre a coordenação política monetária em nível internacional.

"A coordenação formal da política monetária é complexa, já que os bancos centrais têm mandatos nacionais, e não globais, por isso respondem aos parlamentos nacionais. Mas isso não quer dizer que não possamos conseguir uma solução global melhor do que a que temos hoje", insistiu Draghi.