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Robôs humanoides se tornam ferramenta eficaz na reabilitação de crianças

11/07/2016 15h33

Amaya Quincoces Riesco.

Madri, 11 jul (EFE).- Cada vez mais tecnologicamente desenvolvida, a robótica humanoide tem se transformado em uma ferramenta terapêutica eficaz através de projetos como o "Não", composto de simpáticos bípedes robotizados usados para auxiliar e motivar a reabilitação de crianças com problemas motores.

Esses robôs fazem parte do "Nao Therapist", uma iniciativa promovida por dois pesquisadores da Universidade Carlos III de Madri (UC3M), que foi premiada pelo programa Yuzz do Centro Internacional Santander Empreendimento (CISE).

A robótica de serviço, dirigida a conviver com o homem fora do espaço limitado e, portanto, com menos barreiras físicas do que a indústria, é uma das áreas tecnológicas de maior projeção de crescimento em países desenvolvidos.

Realidades como o progressivo envelhecimento populacional obrigarão a recorrer a esse tipo de tecnologia para complementar o aumento dos trabalhos de atendimento e cuidado dos idosos, de acordo com especialistas.

Trata-se, além de tudo, de uma área com grande projeção em termos econômicos. Tudo indica que o valor de mercado da tecnologia robótica quadruplicará em cinco anos, passando de US$ 22 milhões para mais de US$ 88 milhões.

Os pesquisadores José Carlos González e José Carlos Pulido, responsáveis pelo "Nao Therapist", explicaram à Agência Efe que o robô utilizado no projeto dispõe de um sistema de inteligência artificial que permite que o robô interaja de forma autônoma com uma criança, para animá-lo a fazer corretamente os exercícios.

Esse robô falante, de pouco mais de meio metro de altura e grande versatilidade de movimento, está equipado com um sensor de imagens 3D. Além disso, é capaz de ensinar as crianças os exercícios para recuperar a mobilidade de forma divertida e, assim como corrigir se ela não executar os movimentos de forma adequada.

O robô humanoide foi escolhido para o projeto, entre outros motivos, porque também encoraja as crianças a ficarem atentas quando se dispersam. Além disso, ele é feito por um material de plástico duro, que evita quebra em caso de quedas, segundo González.

"A motivação que o robô provoca nas crianças é uma das chaves do sucesso", acrescentou o pesquisador, que afirma que os métodos convencionais de tratamento são tediosos não só para os menores de idade, mas para os terapeutas, porque são muito longos.

O robô "Nao" é muito engenhoso. Inclusive, dá recompensas às crianças quando o elas merece, com uma inesperada apresentação, por exemplo. Por enquanto, ele está sendo testado com pacientes do Hospital Universitario Virgen del Rocío, em Sevilha.

A ferramenta é implementada acompanhada da presença do terapeuta, que pode complementar o tratamento com os dados colhidos pelo robô sobre como a criança os exercícios.

A Universidade Carlos III de Madri, da qual os pesquisadores fazem parte, é referência internacional em robótica, graças a seu prestigiado "Robotics Lab" e o selo de fabricação de vários robôs humanoides, com dotes sociais desenvolvidos pelos engenheiros.

O robô "Teo", por exemplo, é um dos primeiros humanoides bípedes em escala humana - 1,70 metros de altura - na Europa e está sendo treinado para atuar como um garçom. Além do desafio de caminhar, algo realmente complexo, ele ainda precisa se movimentar com uma bandeja nas mãos sem deixá-la cair no chão.

Já MiniMaggie, que parece um animal de pelúcia robotizado, de apenas 30 centímetros de altura, conversa amistosamente e expressa alegria, tristeza. Às vezes, fica até com vergonha. Ela é usada com idosos para fins terapêuticos, como parte de um programa da Universidade Carlos III com a Fundação Alzheimer Espanha.

A instituição de ensino também trabalha com o Hoap-3, um humanoide de meio metro de altura para demonstrações, que participa de projetos de robótica para assistência e reabilitação, tanto em hospitais como nos lares.

Há também o projeto europeu Monarch, no qual a Universidade Carlos III participa com robôs de tamanho humano, de 1,5 metros de altura, que passeiam pelos corredores de um hospital oncológico infantil de Lisboa, para apoiar as crianças durante a estadia.