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Sem embargo, músicos cubanos poderiam ganhar US$ 5 milhões ao ano nos EUA

02/09/2016 15h51

Havana, 2 set (EFE).- Cuba poderia ganhar US$ 5 milhões ao ano se seus músicos e bandas pudessem trabalhar nos Estados Unidos sem as restrições do embargo, ainda um dos principais empecilhos no processo de normalização entre ambos países iniciado em 2014, informou nesta sexta-feira a imprensa oficial cubana.

De acordo a um relatório do Ministério de Cultura (Mincult) da ilha, entre as principais repercussões econômicas do "bloqueio" neste campo estão as apresentações ao vivo de músicos cubanos, "que devem acontecer no âmbito de intercâmbios culturais, sem a intermediação de contratos comerciais", publica o jornal estatal "Granma" em sua capa de hoje.

Devido a este impedimento, as empresas cubanas não obtêm lucros econômicos e veem suas receitas minguadas ao não poder comercializar em outros mercados enquanto durarem os compromissos nos Estados Unidos.

"O bloqueio, em expressão de sua extraterritorialidade, impede a promoção, difusão e comercialização dos artistas nacionais e deprime a valores ínfimos os preços de venda", destacou o "Granma".

O embargo, vigente desde 1962, afeta também o direito autoral ao impedir a assinatura de contratos de representação recíproca para a proteção de repertórios explorados em ambas nações, que restabeleceram relações em julho do ano passado após mais de meio século de inimizade.

As repercussões do embargo se estendem ainda às artes plásticas, à literatura, ao comércio online, ao cinema e à rede de escolas pertencentes ao ensino artístico, um dos pilares do prestigiado movimento cultural cubano e onde 8.000 alunos iniciarão o curso na próxima semana.

Segundo o Mincult, a "política hostil do bloqueio" limita a aquisição de instrumentos musicais, óleos, pincéis, sapatos para dança e peças de vestuário.

Se Cuba pudesse adquirir esses produtos nos EUA, significaria uma "economia considerável" para um país que prioriza a educação e a vê como uma de suas principais conquistas.

EUA e Cuba iniciaram em dezembro de 2014 um "degelo" que se materializou no ano passado com o restabelecimento de vínculos diplomáticos, a partir do qual ambos países iniciaram uma nova etapa em suas relações, sobre as quais ainda pesa a sombra do embargo.

Segundo dados oficiais, divulgados em julho deste ano, o prejuízo econômico do "bloqueio" a Cuba chegava a US$ 833,755 bilhões até meados de 2015, enquanto as multas aplicadas a cinco empresas americanas e três estrangeiras, desde dezembro de 2014 até o momento, somam US$ 2,836 bilhões.

Entre as medidas anunciadas em março deste ano pelo presidente americano, Barack Obama, para relaxar o embargo, está a autorização do uso do dólar por Cuba, mas a ilha denunciou em várias ocasiões que ainda não pode realizar operações bancárias nessa moeda.