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Fórum Econômico de Davos busca respostas para a globalização e o populismo

10/01/2017 14h17

Genebra, 10 jan (EFE).- O Fórum Econômico Mundial (FEM) será focado este ano na liderança responsável e receptiva, em um contexto no qual a globalização gera uma crescente resistência entre os cidadãos, o populismo cresce e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, é o porta-bandeira de uma nova onda de protecionismo.

A reunião, em sua 47ª edição, atrairá este ano à cidade de Davos, nos alpes da Suíça, cerca de 40 chefes de Estado e de governo entre um "número recorde" de 3 mil participantes de quase 100 países considerados líderes nos âmbitos da política, da cultura, da economia e da sociedade civil.

O Fórum acontecerá logo na mesma semana em que Trump assumirá a presidência dos Estados Unidos.

Espera-se que os pronunciamentos do magnata nova-iorquino em favor do protecionismo, seus polêmicos tweets ameaçando empresas americanas para que não transfiram seus empreendimentos para outros países, assim como sua negação da mudança climática, marquem algumas das intervenções no Fórum.

Diante deste cenário nos EUA e o fato de que outro grande ator global como a União Europeia (UE) se encontra debilitado devido aos muitos problemas que tem, a China parece disposta a preencher este vazio no cenário mundial.

Em Davos, o presidente da China Xi Jinping, que viajará à cidade alpina com a delegação mais numerosa desde que o país participou pela primeira vez no Fórum em 1979, pronunciará o discurso de abertura do Fórum, algo que é "significativo em muitos aspectos", assinalou nesta terça-feira o presidente e fundador do Fórum, Klaus Schwab, na entrevista coletiva prévia à reunião anual.

Em um mundo multipolar do ponto de vista geopolítico, o papel que a China assumir como uma liderança receptiva e responsável é importante, explicou Schwab.

O tema central de Davos será baseado no fato de que "o mundo ao nosso redor está mudando a uma velocidade sem precedentes", o que transforma o modelo tradicional de sociedade e gera incerteza nas pessoas, que, inclusive, se sentem "ameaçadas" pelo impacto desta evolução na economia, no emprego e na estabilidade social, disse o presidente do Fórum.

Isto cria "um sentimento de ansiedade" e um "novo tipo de populismo", acrescentou o professor, que já alertou para este perigo há 21 anos em artigo de opinião.

"Isto obriga os líderes políticos e econômicos a terem de demonstrar aos cidadãos que todos podem se beneficiar nesta sociedade", e os força a "responder, ouvir e interagir com as pessoas que os colocaram em condição de liderança", acrescentou Schwab.

O fundador e presidente-executivo do Fórum opinou que "todo enfoque simplista à agenda global está destinado ao fracasso. Não podemos ter apenas soluções populistas".

Por isso, este ano os líderes abordarão, em 400 sessões de debate, como fortalecer o crescimento global sem deixar para trás os cidadãos, reformar o capitalismo de mercado sem fechar as economias para o mundo e fomentando a inclusão social, se preparar para a quarta revolução industrial e redefinir a cooperação global.

Em Davos a delegação americana é, a poucos dias da cerimônia de abertura, muito mais reduzida que a chinesa.

Trump estará representado no Fórum por Anthony Scaramucci, integrante executivo da equipe de transição, enquanto viajarão a Davos em nome da atual administração o vice-presidente, Joe Biden, e o secretário de Estado, John Kerry.

A UE não estará este ano representada pela chanceler alemã Angela Merkel, nem pelo presidente francês François Hollande, mas na lista de participantes figuram a primeira-ministra britânica, Theresa May, o chanceler da Áustria, os líderes do Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Portugal e Suécia, entre outros.

A Comissão Europeia não enviará seu presidente a Davos, mas estará representada por vários comissários e vice-presidentes, como a chefe da diplomacia, a italiana Federica Mogherini, e pelo presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem.

Entre as instituições internacionais, estarão presentes na cidade suíça, entre outros dirigentes, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

A América Latina se destacará pela presença dos presidentes da Colômbia e do Paraguai, Juan Manuel Santos e Horacio Cartes, respectivamente, pelo primeiro-ministro do Peru, Fernando Zavala, e pela vice-presidente e chanceler do Panamá, Isabel de Saint Mau.