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Com subsídios do governo, "carros verdes" começam a decolar na China

Tyrone Siu/Reuters
Imagem: Tyrone Siu/Reuters

Adrià Calatayud

Em Pequim

24/01/2017 06h01

Uma população cada vez mais preocupada com a poluição atmosférica e uma generosa política de subsídio oficial estabeleceram as bases para que os "carros verdes" - alimentados por fontes hídricas e elétricas - começassem a ser produzidos na China.

As vendas desses veículos cresceram 53% em 2016 em relação ao ano anterior, totalizando 507 mil unidades, de acordo com a Associação de Fabricantes de Automóveis da China, a patronal da indústria.

"Esse impressionante crescimento torna o mercado de veículos de 'nova energia' da China o maior do mundo e seguirá sendo assim no futuro", disse o presidente e

Os carros verdes estão cada vez mais em alta na segunda maior economia mundial, atraindo novas montadoras exatamente por atrair mais consumidores.

"Acreditamos que os veículos de nova energia não encontram em outros países os níveis de aceitação que têm na China, tanto por parte dos consumidores como do governo", destacaram à Efe um porta-voz da montadora chinesa BYD, líder de vendas de veículos híbridos e elétricos no país.

Só em 2015, o governo da China destinou 33,4 milhões de iuanes (US$ 4,9 bilhões) em subsídios para estimular o desenvolvimento de automóveis que usam fontes alternativas como combustível.

Ministério da Indústria planeja manter o programa de apoio até 2020, apesar da expectativa de que os requisitos sejam endurecidos após casos de fraude revelados em setembro do ano passado. Empresas teriam manipulado dados para receber mais subsídios.

Embora analistas esperem que o auge de vendas e o estabelecimento de uma economia de larga escala garantam a viabilidade do setor, muitos acreditam ser inevitável que, à medida que os subsídios sejam encerrados, muitas das empresas fechem as portas ou se reestruturem.

Para os consumidores, porém, há outros obstáculos.

"Comprei um carro elétrico por três razões: precisava de um veículo, era muito difícil tirar carteira para os (carros) normais e queria experimentar as novas tecnologias", explicou

"É mais respeitoso com o meio ambiente porque emite menos gases poluentes e quase não faz barulho, mas tem o inconveniente que não podem fazer mais de 300 quilômetros e menos ainda no inverno, com a calefação. Além disso, é difícil de carregar porque é preciso instalar um aparelho debaixo de casa", completou.

Cidades como a capital chinesa restringem o número de novos motoristas por ano para reduzir o trânsito e a poluição, mas os automóveis sustentáveis têm vantagens. A medida é, segundo o professor do Instituto de Tecnologia de Pequim,

A outra, afirmou Hao, é que as grandes cidades dispõem de mais pontos para recarregar os veículos. O professor, porém, lamenta que a falta de pontos de reabastecimento dificulta a decolagem definitiva dos "veículos verdes".

"Nas pequenas cidades não há muita saída", reconhece Hao.

Segundo a Administração Nacional de Energia da China, o país possui 107 mil pontos de recarga pública e 170 mil privados. Até 2020, Pequim pretende ter 36 mil quilômetros de estradas com essas instalações. Nas principais cidades, a meta é encontrar um dispositivo do tipo em um raio menor de 1 quilômetro.

"O futuro é elétrico! Mas haverá um período de umas duas décadas no qual as novas tecnologias ainda coexistirão com os motores convencionais", disse o presidente da Volkswagen na China.

Afetados por uma intensa poluição atmosférica, os chineses pensam cada vez mais no meio ambiente na hora de escolher seus carros.

A dúvida é se a explosão de vendas de "carros verdes" realmente contribuirá para aliviar o problema no país, que tem o carvão como principal fonte de energia.