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Espanhola Acciona aposta no mercado de saneamento básico do Brasil

05/05/2017 12h50

São Paulo, 5 mai (EFE).- A multinacional espanhola Acciona aposta em uma abertura do mercado brasileiro de tratamento de águas e saneamento básico, um setor que precisa de investimentos e abre portas para empresas estrangeiras, apontou nesta sexta-feira André Clark, presidente da companhia no Brasil.

Além das áreas "tradicionais", nas quais Espanha e Brasil trabalham conjuntamente, outro setor "muito importante" e "positivo" para a cooperação é o de saneamento básico e tratamento de águas, respaldado por um recente acordo ministerial entre ambos os países, declarou Clark em entrevista concedida à Agência Efe.

"Este é um assunto muito importante no Brasil nesse momento e que abre grandes perspectivas no país para o investimento e a comercialização de produtos e serviços espanhóis. A Espanha é muito forte nesta área", sustentou o executivo.

Para a Acciona, apontou Clark, esta abertura "é uma grande oportunidade" nos planos da empresa, já que o Brasil é "um mercado 'ultraintensivo' em tecnologia, com a qual se pode ganhar muita produtividade e transcender a barreira de pensar sempre que estes projetos não são rentáveis em pequenas cidades".

"Eu costumo dizer que a Acciona está presente em projetos tanto de R$ 8 milhões como de R$ 800 milhões, ou seja, a tecnologia é válida para os projetos pequenos e os grandes. E isto é uma grande oportunidade a curto prazo no Brasil", sublinhou.

O executivo ressaltou a política espanhola de impulsionar pequenas e médias empresas, pois além dos grandes investimentos de multinacionais em projetos fora do país, como os do Brasil, as empresas menores e as "startups" se tornam fornecedoras que podem fazer negócios.

Com mais de 20 anos no mercado brasileiro, o grupo espanhol participa em quase todas as áreas de infraestrutura, "especialmente a vinculada ao desenvolvimento sustentável", com geradores, energia eólica, mobilidade urbana e tratamento de águas, detalhou Clark.

Na área específica de saneamento e tratamento de águas, a empresa tem projetos no Rio de Janeiro e em Pernambuco.

Assim, além da "abertura" em diversos setores de infraestrutura, "que cria oportunidades para as grandes empresas espanholas que trabalham com fornecedores nacionais", estes podem, caso sejam "competentes", acompanhar as mesmas companhias europeias em outros mercados fora do Brasil.

"Isto traz o desenvolvimento econômico. Isto faz a integração econômica", expressou o executivo, para quem a "interlocução entre as empresas, através de suas associações e câmaras setoriais, e os representantes do governo é de excelente qualidade".

Entre os projetos executados pela Acciona no Brasil se destaca o Rodoanel Norte, em São Paulo, que integrará o aeroporto de Guarulhos e o porto de Santos - os principais do país -, e espera "desafogar" o tráfego da maior cidade brasileira.

Clark fez parte da comitiva empresarial que acompanhou o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, em seu encontro com o presidente Michel Temer no final de abril.

"A visita de Rajoy marca o tamanho da presença das empresas espanholas no Brasil, que é grande e continua crescendo com investimentos acumulados em quase R$ 166 bilhões, que geram 220 mil empregos", afirmou o executivo.

Além disso, "o Brasil passa por reformas trabalhistas, de previdência social e tributária que foram muito similares às feitas durante a época da Espanha em crise e ele (Rajoy) dá uma retrospectiva de que essas reformas são muito importantes e dá apoio ao atual governo brasileiro, que é um governo reformista", apontou.

Esse apoio de Rajoy, considerou, "é algo muito positivo num momento em que o Brasil começa a sair da recessão" e quando as grandes empresas brasileiras do setor de infraestrutura tentam superar o escândalo de corrupção na Petrobras, que afetou sua imagem.

"As grandes empresas brasileiras retornarão ao mercado, como já estão fazendo, enquanto corrigem seus problemas e seus erros. Mas o mais importante é ter um mercado equilibrado, com regras claras e conhecidas para estrangeiros e brasileiros trabalharem juntos e conquistarem grandes contratos", afirmou.