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"Hacker ético" dos EUA vê indícios de ação da Rússia por trás de ciberataque

15/05/2017 16h27

Miami (EUA), 15 mai (EFE).- Rod Soto, secretário da Hack Miami, uma comunidade de "hackers éticos" do sul da Flórida, nos Estados Unidos, afirmou nesta segunda-feira para a Agência Efe que não há dúvida de que a Rússia é "parcialmente responsável" pelo ciberataque global com fins extorsivos que afetou mais de 200 mil computadores desde a sexta-feira.

Soto disse que foi o grupo The Shadow Brokers, piratas cibernéticos "vinculados ao Kremlin", que publicou um código que figurava nos arquivos da Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) dos Estados Unidos e que foram hackeados.

Uma vez publicado este código, os criminosos cibernéticos podem baixá-lo e adaptá-lo para seus propósitos, que é obter dinheiro para decodificar os sistemas operacionais e determinados arquivos dos computadores que foram previamente infectados com o 'ransomware' WannaCry e que ficam inacessíveis para seus usuários, indicou Soto.

"Abriram a caixa de Pandora", disse o especialista em segurança cibernética em referência ao grupo The Shadow Brokers.

Em resposta à afirmação do presidente russo, Vladimir Putin, sobre a origem primária do ataque contra a NSA, Soto indicou que, apesar de esta agência possuir parte do código há algum tempo, nunca aconteceu nada até sua publicação por parte do The Shadow Brokers, que também estão envolvidos nos vazamentos do Wikileaks.

Soto se mostrou seguro de que haverá diversas mutações do vírus WannaCry e destacou que os países do terceiro mundo, onde há um maior número de usuários de programas piratas, podem ser os mais afetados.

Como primeira medida preventiva, Soto recomendou a instalação da atualização MS17-010 para Windows que a Microsoft lançou em março e, sobretudo, ter "precaução e bom senso" na hora de abrir mensagens de e-mail, pois o WannaCry utiliza esse caminho para infectar os computadores.

Soto se mostrou seguro de que os responsáveis pelo ciberataque serão descobertos e opinou que os "hackers éticos" podem ser de grande ajuda, pois estão na linha de frente da luta contra os criminosos cibernéticos.

Para este especialista em cibersegurança, é preciso seguir a pista do dinheiro para encontrar os autores do ciberataque global.

Os chantagistas cibernéticos exigem de suas vítimas o pagamento com 'bitcoins' (moedas virtuais), que "não estão presas a regulamentos, não têm limitações nas quantidades e são difíceis de serem rastreadas", disse Soto à Efe em uma entrevista realizada em janeiro por causa de uma reunião do Hack Miami na qual foram discutidos este e outros crimes cibernéticos.

O FBI, a polícia federal investigativa dos EUA, em um comunicado de 2015, estimou em US$ 18 milhões o custo para os consumidores da extorsão cibernética.

O Hack Miami realizará nos próximos sábado e domingo sua quinta conferência anual na qual devem participar de cerca de 250 especialistas em segurança cibernética e que, certamente, terá o assunto WannaCry em papel de destaque, segundo Soto.