IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

China desbanca Venezuela como primeiro parceiro comercial de Cuba em 2016

16/08/2017 13h48

Havana, 16 ago (EFE).- A China desbancou em 2016 a Venezuela como primeiro parceiro comercial de Cuba, com uma troca de mais de US$ 2,5 bilhões, devido à profunda crise econômica do país sul-americano, que reduziu o comércio bilateral com a ilha 70% desde 2014, segundo dados oficiais do Governo cubano.

A troca comercial entre Cuba e Venezuela em 2016 ficou situada em US$ 2,2 bilhões, frente aos US$ 4,2 bilhões do ano anterior - uma queda de 47% - ou os mais de US$ 7,2 bilhões em 2014, que representa uma queda de 70% em dois anos.

A Espanha apareceu em 2016 como o terceiro parceiro comercial da ilha - primeiro da Europa - com um saldo de US$ 1,3 bilhão, segundo dados do Anuário Estatístico do Escritório Nacional de Estatísticas (ONEI), publicado nesta semana no site da entidade.

Desde 2003, Cuba e Venezuela assinaram uma aliança estratégica - impulsionada por Fidel Castro e Hugo Chávez - pela qual a ilha cobria todas suas necessidades energéticas com o petróleo importado da Venezuela que pagava com a exportação de serviços de médicos e outros profissionais ao país sul-americano.

Nos melhores momentos desse "romance", Cuba recebia mais de 100 mil barris de petróleo ao dia; em 2016 foram reduzidos para 87 mil barris, e neste momento alguns especialistas apontam que esses envios chegam agora a 55 mil barris por dia.

O corte no ano passado de mais de 40% do envio de petróleo subsidiado da petroleira estatal venezuelana PDVSA à ilha comunista e outras dificuldades financeiras, fizeram com que a economia cubana registrasse uma queda de 0,9% em 2016, a primeira recessão em 23 anos.

O jornal oficial "Juventude Rebelde" explica hoje que "a queda do preço do petróleo e a redução no abastecimento de hidrocarbonetos" são as principais causas da diminuição do comércio entre Cuba e Venezuela, "nações que apesar os problemas, estão interconectadas por relações econômicas sólidas e mutuamente vantajosas".

"E por situações internas no país-irmão, submetido à subversão terrorista e a uma cruel guerra econômica interna e de poderes imperiais, os envios de combustíveis ao nosso país diminuíram em 2016 e 2017", indica o jornal, ainda que não esclarece o tamanho desta redução.

No primeiro semestre deste ano, Cuba conseguiu deter o retrocesso de sua economia e cresceu 1,1%, ainda que sofra com a queda do preço das matérias-primas como açúcar e moeda de pouco valor que a ilha exporta e a escassez de investimento estrangeiro.

A situação na Venezuela - que desembocou em uma grave crise política e institucional que terminou com cem mortos desde abril - fez com que a China se transformasse "pela primeira vez na história "no primeiro parceiro comercial de Cuba, destaca o "Juventude Rebelde".

Durante 2016, a ilha importou da China mercadorias no valor de US$ 2,3 bilhões, enquanto exportou o equivalente a US$ 257 milhões, uma tendência deficitária que também é expressada no comércio com a Venezuela, onde comprou bens por mais de US$ 1,5 bilhão e enviou mercadorias por US$ 642 milhões.

Os dados de 2016 refletem que a balança comercial de Cuba alcançou os US$ 12,6 bilhões, uma queda de 16% frente aos US$ 15 bilhões em 2015.