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Projeto de reator que visa suprir energia fóssil conclui metade das obras

06/12/2017 17h12

Paris, 6 dez (EFE).- O projeto ITER, um gigantesco reator que está sendo construído na França para provar a viabilidade da fusão nuclear como alternativa à energia fóssil, chegou nesta quarta-feira à conclusão de metade das obras.

Alcançar 50% quer dizer que houve progresso em elementos fundamentais para que o reator principal possa funcionar, entre eles as câmaras de criogenia, de fornecimento de energia e de resfriamento.

"Quando provarmos que a fusão nuclear é uma fonte viável, pode ser possível utilizá-la para substituir a energia fóssil, que é não renovável e insustentável. A fusão será complementar com a energia eólica, solar e outras renováveis", declarou em comunicado Bernard Bigot, diretor-geral do projeto.

De acordo com Bigot, chegar à metade da construção deste projeto representa "um acontecimento significativo", que não foi nada simples.

ITER está sendo construído na cidade francesa de Cadarache e sua sigla em inglês corresponde a Reator Termonuclear Experimental Internacional. O projeto busca reproduzir as reações de fusão que acontecem no Sol e em outras estrelas para gerar energia barata e limpa.

"Um projeto desta complexidade é cheio de riscos", acrescentou Bigot, que explicou que a primeira fase do projeto, prevista para 2025 e que consiste na formação de plasma, "não está isenta de contingências".

A segunda e definitiva fase deve ocorrer em 2035, quando unirá o plasma aos isótopos do hidrogênio, deutério e trítio, para criar a energia.

Uma quantidade de hidrogênio do tamanho de um abacaxi "resulta energia de fusão equivalente a 10 mil toneladas de carvão", detalhou a organização, segundo a qual o deutério é "facilmente extraível da água do mar" e o trítio sai do lítio que repousa dentro de um reator de fusão.

Esta tecnologia é considerada segura porque no momento em que a fusão é interrompida "o reator simplesmente desliga por segurança e sem apoio exterior", e o custo de uma usina de fusão é "comparável" ao de uma de energia fóssil ou de fissão nuclear.

"Mas, ao contrário das usinas nucleares de hoje, a de fusão não criará esbanjamentos altamente radiativos, e, comparativamente a respeito das usinas de combustíveis fósseis, não há impacto no meio ambiente, pois não se emite dióxido de carbono", afirmou ITER.

Europa, China, Japão, Índia, Coreia do Sul, Rússia e Estados Unidos, que representam 80% do PIB mundial e metade da população do planeta, participam deste projeto, que tem orçamento de 14 bilhões de euros.

A organização do projeto realizou um cálculo sobre quantas usinas de fusão seriam necessárias para as 11 capitais incluídas nesta iniciativa, levando em conta a população e o uso complementar de energia renovável e da eletricidade.

Para Madri, cidade com 3,23 milhões de habitantes, seria necessária uma usina, enquanto para Tóquio, com 13,61 milhões de pessoas, seis.