Fórum Econômico debate necessidade de tecnologia inclusiva nas 'smart cities'
São Paulo, 15 mar (EFE).- O painel sobre Cidades Inteligentes no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, que acontece em São Paulo, mostrou nesta quinta-feira diversas ideias de como a tecnologia pode ser aplicada para a criação de um ambiente mais inclusivo, mais sustentável e mais humano.
Sob o tema "Equipando as Cidades Inteligentes de Amanhã" (Equipping the Smart City of Tomorrow), o painel reuniu cinco especialistas no assunto para debater os fatores para a criação, implementação e melhoria dessas cidades inteligentes que devem servir de exemplo em um futuro próximo.
Para o executivo Jonathan Hursh, fundador e produtor-executivo do projeto Utopia, a solução está nas micro-cidades.
"Pense nas favelas. Temos a questão do HIV, da água limpa. Quando penso em grandes cidades, elas têm milhões de pessoas. Precisamos entender porque as pessoas procuram essas áreas. A terminologia e os dados têm papel nesse caso, já que é preciso ter um modelo diferente para as cidades, considerando o que está acontecendo na Ásia, na África e na América Latina. A partir disso, tentamos criar micro-cidades, cidades dentro de uma cidade com milhares de pessoas, de forma que possamos pensar em soluções para melhorar a vida dessas pessoas", disse Hursh.
"A informalidade acaba levando a esse tipo de situação. Poderemos ter um futuro diferente para as cidades se pensarmos de forma sustentável, mais humana. As cidades estão muito calcificadas, é difícil mudá-las, mas no futuro podemos abrir caminho criando outras mais bem pensadas", comentou Hursh.
Além das micro-cidades, outra alternativa, ou mesmo complemento, poderia ser a tecnologia de base, de acordo com Cristian Amon, presidente da Qualcomm Incorporated.
"Quando foco em tecnologia de base, é bom porque é fácil de compreender sua viabilidade econômica e como será aplicada em todas as áreas, menos privilegiadas, inclusive. Em muitos desse locais, tanto desenvolvidos como subdesenvolvidos, temos ilumunição pública. Os postes têm lâmpadas. A maioria dos postes tem lâmpadas incandescentes ou fluorescentes. E com esse nosso projeto é possível trocar por lâmpadas de LED e economizar. Todo esse processo de mudança cria coisas inteligentes", disse.
Mas, para Amon, além da fácil implementação, o que torna esse modelo interessante é a capacidade de unificar quase tudo em um só produto e ainda criar uma sensação de segurança nos cidadãos.
"É facil implementar isso em qualquer lugar. É possível colocar também uma lâmpada inteligente, com detector de presença e, além disso, colocar uma câmera nesses sistemas inteligente e conectados, que é outro upgrade.
Com essa câmera só são transmitidos dados se estes forem revelantes. Com relação à privacidade, trabalhamos com a legislação de privacidade, regulação de uso das informações a partir da lei.
Na população, cria-se uma consciência, o que diminui o nível de crimes e as pessoas se sentem mais seguras sabendo que há um monitoramento", comentou.
No entanto, além disso, Amon comentou que é possível utilizar a tecnologia wifi para incrementar ainda mais esse tipo de modelo.
"Quando vemos que naquele poste também podemos colocar uma infraestrutura wifi, temos a consciência de que podemos usar essa mesma infraestrutura para coletar dados, já que é possível conectar todos os medidores de todas as casas da região - gás, água, eletricididade, gerando cada vez mais dados", complementou Amon.
Já segundo a Ministra Secretária Executiva da Secretaria Nacional de Habitação do Paraguai, Maria Soledad Nuñez Mendez, mesmo sendo natural do "país menos organizado da América Latina", é possível pensar e implementar em cidades mais inclusivas.
"Passamos por erros, melhoramos muito e agora temos políticas de inovação e inclusão, que para mim são a base das cidades do futuro. Para pensar em uma cidade inteligente, é preciso pensar em uma cidade inclusiva. De 12 habitantes, 4 vivem em favelas na América Latina. Existe uma verba anual e é preciso investir em tudo, inclusive em tecnologia. As famíliaos vivem em situações precárias, então elas precisam ver vantagens em programas, custo-benefício.
A transparência também é muito importante, éramos muito crus. Agora criamos um controle e uma auditoria com participação cidadã e também fizemos parcerias locais", comentou a ministra.
Na visão de Bibop Gresta, cofundador da Hyperloop TT, companhia de transporte em cápsulas, a eficiência é o principal fator para que essas cidades sejam prósperas.
"Não podemos resolver um problema criando outro. A questão chave é a eficiência. Todo mundo sabe que falamos de velocidade, mas é importante criar um sistema que gere energia e consuma pouco. o resultado foi um sistema de retorno de investimento de oito a 10 anos", disse.
"Pensamos em desenvolver o transporte focado nas pessoas e que não consome todos os nossos recursos. Temos energia solar, térmica, eólica. Em 2016, a energia solar foi equivalente em custo à energia gerada a partir do petróleo. Só vai melhorar daqui pra frente, o consumo cairá e o ganho aumentará. Tudo isso porque temos o transporte como um buraco negro do PIB, mas podemos mudar a situação e criar o transporte como um sistema que pode prosperar e ajudar um país a prosperar", explicou.
Hursh também comentou que a rapidez é um fator que deve se levado em consideração.
"É preciso pensar em soluções x tecnologias. As cidade precisam de vários sistemas - saúde, energia, governo. Temos que repensar esses sistemas. Isso é um desafio para a próxima geração. Rapidez e economia", disse.
Para Maria Soledad, parte disso pode ser resolvido com parcerias público-privadas.
"É preciso haver interação público-privada, desenvolvimento sustentável. Há muito contraste na América Latina", afirmou a ministra.
"É um desafio incluir as pessoas. Isso é necessário para não haver brecha entre os cidadãos. Setor privado junto com diferentes níveis de governo, isso é muito importante. Outra coisa muito importante é mostrar para as pessoas que a tecnologia é interessante pra elas para simplificar sistemas, como já ocorreu com o bancário... na área pública precisamos de maior inovação para alcançar pessoas que necessitam de serviços públicos e não encontram soluções rápidas na saúde, educação, etc", acrescentou Daniel Annenberg, ex-diretor-presidente do Detran-SP.
Os participantes do painel também falaram sobre a questão que envolve políticos, que precisam "mostrar" ações a curto prazo.
"A resposta vem quando começamos a analisar em como contruir o sistema. O problema é repertir erros e esperar um resultado diferente. Estamos lidado com políticos, e eles pensam no básico, a curto prazo", disse Gresta.
"É necessária a impletamenção de projetos a longo prazo. O setor público precisa de um planejamento melhor, investimentos adequados para equilibrar as necessidades. É preciso ter articulação política a longo prazo, mas a curto prazo o político tradicional tem que mostrar alguma coisa para conseguir votos. É preciso alinhar moradia, emprego e transporte para que isso não gere um custo excessivo no futuro", acrescentou.
Por fim, os convidados lembraram que todas essas ideias têm que estar alinhadas com a sustentabilidade.
"Temos que condicionar todas essas ideias e processos ao impacto mínimo no solo, nos animais. É preciso construir as estradas com novos materiais para controlar emissões de CO2, preservar espécies da região. Na realidade, é necessário juntar as melhores mentes do mundo para chegar a uma solução criando um sistema dinâmico, respeitando o meio ambiente e a morfologia local, e ainda sim, criando retorno financeiro", argumentou Gresta.
ff/id
Sob o tema "Equipando as Cidades Inteligentes de Amanhã" (Equipping the Smart City of Tomorrow), o painel reuniu cinco especialistas no assunto para debater os fatores para a criação, implementação e melhoria dessas cidades inteligentes que devem servir de exemplo em um futuro próximo.
Para o executivo Jonathan Hursh, fundador e produtor-executivo do projeto Utopia, a solução está nas micro-cidades.
"Pense nas favelas. Temos a questão do HIV, da água limpa. Quando penso em grandes cidades, elas têm milhões de pessoas. Precisamos entender porque as pessoas procuram essas áreas. A terminologia e os dados têm papel nesse caso, já que é preciso ter um modelo diferente para as cidades, considerando o que está acontecendo na Ásia, na África e na América Latina. A partir disso, tentamos criar micro-cidades, cidades dentro de uma cidade com milhares de pessoas, de forma que possamos pensar em soluções para melhorar a vida dessas pessoas", disse Hursh.
"A informalidade acaba levando a esse tipo de situação. Poderemos ter um futuro diferente para as cidades se pensarmos de forma sustentável, mais humana. As cidades estão muito calcificadas, é difícil mudá-las, mas no futuro podemos abrir caminho criando outras mais bem pensadas", comentou Hursh.
Além das micro-cidades, outra alternativa, ou mesmo complemento, poderia ser a tecnologia de base, de acordo com Cristian Amon, presidente da Qualcomm Incorporated.
"Quando foco em tecnologia de base, é bom porque é fácil de compreender sua viabilidade econômica e como será aplicada em todas as áreas, menos privilegiadas, inclusive. Em muitos desse locais, tanto desenvolvidos como subdesenvolvidos, temos ilumunição pública. Os postes têm lâmpadas. A maioria dos postes tem lâmpadas incandescentes ou fluorescentes. E com esse nosso projeto é possível trocar por lâmpadas de LED e economizar. Todo esse processo de mudança cria coisas inteligentes", disse.
Mas, para Amon, além da fácil implementação, o que torna esse modelo interessante é a capacidade de unificar quase tudo em um só produto e ainda criar uma sensação de segurança nos cidadãos.
"É facil implementar isso em qualquer lugar. É possível colocar também uma lâmpada inteligente, com detector de presença e, além disso, colocar uma câmera nesses sistemas inteligente e conectados, que é outro upgrade.
Com essa câmera só são transmitidos dados se estes forem revelantes. Com relação à privacidade, trabalhamos com a legislação de privacidade, regulação de uso das informações a partir da lei.
Na população, cria-se uma consciência, o que diminui o nível de crimes e as pessoas se sentem mais seguras sabendo que há um monitoramento", comentou.
No entanto, além disso, Amon comentou que é possível utilizar a tecnologia wifi para incrementar ainda mais esse tipo de modelo.
"Quando vemos que naquele poste também podemos colocar uma infraestrutura wifi, temos a consciência de que podemos usar essa mesma infraestrutura para coletar dados, já que é possível conectar todos os medidores de todas as casas da região - gás, água, eletricididade, gerando cada vez mais dados", complementou Amon.
Já segundo a Ministra Secretária Executiva da Secretaria Nacional de Habitação do Paraguai, Maria Soledad Nuñez Mendez, mesmo sendo natural do "país menos organizado da América Latina", é possível pensar e implementar em cidades mais inclusivas.
"Passamos por erros, melhoramos muito e agora temos políticas de inovação e inclusão, que para mim são a base das cidades do futuro. Para pensar em uma cidade inteligente, é preciso pensar em uma cidade inclusiva. De 12 habitantes, 4 vivem em favelas na América Latina. Existe uma verba anual e é preciso investir em tudo, inclusive em tecnologia. As famíliaos vivem em situações precárias, então elas precisam ver vantagens em programas, custo-benefício.
A transparência também é muito importante, éramos muito crus. Agora criamos um controle e uma auditoria com participação cidadã e também fizemos parcerias locais", comentou a ministra.
Na visão de Bibop Gresta, cofundador da Hyperloop TT, companhia de transporte em cápsulas, a eficiência é o principal fator para que essas cidades sejam prósperas.
"Não podemos resolver um problema criando outro. A questão chave é a eficiência. Todo mundo sabe que falamos de velocidade, mas é importante criar um sistema que gere energia e consuma pouco. o resultado foi um sistema de retorno de investimento de oito a 10 anos", disse.
"Pensamos em desenvolver o transporte focado nas pessoas e que não consome todos os nossos recursos. Temos energia solar, térmica, eólica. Em 2016, a energia solar foi equivalente em custo à energia gerada a partir do petróleo. Só vai melhorar daqui pra frente, o consumo cairá e o ganho aumentará. Tudo isso porque temos o transporte como um buraco negro do PIB, mas podemos mudar a situação e criar o transporte como um sistema que pode prosperar e ajudar um país a prosperar", explicou.
Hursh também comentou que a rapidez é um fator que deve se levado em consideração.
"É preciso pensar em soluções x tecnologias. As cidade precisam de vários sistemas - saúde, energia, governo. Temos que repensar esses sistemas. Isso é um desafio para a próxima geração. Rapidez e economia", disse.
Para Maria Soledad, parte disso pode ser resolvido com parcerias público-privadas.
"É preciso haver interação público-privada, desenvolvimento sustentável. Há muito contraste na América Latina", afirmou a ministra.
"É um desafio incluir as pessoas. Isso é necessário para não haver brecha entre os cidadãos. Setor privado junto com diferentes níveis de governo, isso é muito importante. Outra coisa muito importante é mostrar para as pessoas que a tecnologia é interessante pra elas para simplificar sistemas, como já ocorreu com o bancário... na área pública precisamos de maior inovação para alcançar pessoas que necessitam de serviços públicos e não encontram soluções rápidas na saúde, educação, etc", acrescentou Daniel Annenberg, ex-diretor-presidente do Detran-SP.
Os participantes do painel também falaram sobre a questão que envolve políticos, que precisam "mostrar" ações a curto prazo.
"A resposta vem quando começamos a analisar em como contruir o sistema. O problema é repertir erros e esperar um resultado diferente. Estamos lidado com políticos, e eles pensam no básico, a curto prazo", disse Gresta.
"É necessária a impletamenção de projetos a longo prazo. O setor público precisa de um planejamento melhor, investimentos adequados para equilibrar as necessidades. É preciso ter articulação política a longo prazo, mas a curto prazo o político tradicional tem que mostrar alguma coisa para conseguir votos. É preciso alinhar moradia, emprego e transporte para que isso não gere um custo excessivo no futuro", acrescentou.
Por fim, os convidados lembraram que todas essas ideias têm que estar alinhadas com a sustentabilidade.
"Temos que condicionar todas essas ideias e processos ao impacto mínimo no solo, nos animais. É preciso construir as estradas com novos materiais para controlar emissões de CO2, preservar espécies da região. Na realidade, é necessário juntar as melhores mentes do mundo para chegar a uma solução criando um sistema dinâmico, respeitando o meio ambiente e a morfologia local, e ainda sim, criando retorno financeiro", argumentou Gresta.
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