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MST ocupa fábrica da Nestlé em MG e diz que governo negocia água brasileira

20/03/2018 17h27

(Atualiza com declarações da Nestlé)

Brasília, 20 mar (EFE).- Cerca de 600 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam uma fábrica de água mineral da Nestlé em São Lourenço (MG), nesta terça-feira em protesto contra a privatização da água, o que, segundo o grupo, é negociado no 8º Fórum Mundial da Água que acontece em Brasília.

De acordo com o comunicado divulgado pelo MST, o objetivo da ação é fazer um alerta sobre as "negociatas que ocorrem neste momento no Fórum Mundial das Águas, em Brasília". O grupo entrou no local às 6h. Conforme o texto, elas denunciam a "entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo golpista de Michel Temer".

Em declarações à Agência Efe, Maria Gomes de Oliveira, da direção do MST, disse que o Fórum "promove mesas de negociações com presidentes de corporações, como Nestlé e Coca Cola", que se disfarçam de "marketing sustentável" para enganar as pessoas.

"A Nestlé se estabeleceu aqui há décadas, e há décadas faz a exploração predatória e, inclusive, irregular. A água é um bem comum da humanidade, defendê-la é questão de soberania. É muita petulância fazer um fórum internacional para comercializar nossas reservas de água", comentou.

De acordo com o comunicado do movimento, em janeiro de 2018, Temer e o presidente de Nestlé, Paul Bulcke, se reuniram para discutir a exploração do Aquífero Guarani, uma reserva que abrange quatro países (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).

"A empresa, que controla 10,5% do mercado mundial de água, está instalada na cidade mineira desde 1994, quando comprou as fontes e o Parque das Águas de São Lourenço. Desde 1997, a população local denuncia a exploração das águas minerais que, antes de serem privatizadas, eram amplamente utilizadas para tratamentos medicinais. Além da redução da vazão, nota-se a mudança no sabor da água, ou seja, a exploração está fazendo com que ela perca seus sais minerais", informou o grupo no texto.

A Nestlé, por sua parte, garante que não extrai água de tal aquífero e negou ter realizado conversas com Michel Temer nesse sentido.

"Não temos planos para a extração no aquífero e nem discutimos esse assunto com as autoridades brasileiras. As informações que dizem o contrário são incorretas", sustenta a companhia.

Em comunicado, a Nestlé afirma que respeita a "liberdade de expressão e opinião", mas lamentou que a manifestação tenha" gerado danos nas instalações, locais de trabalho de mais de 80 colaboradores".

A companhia também informou que está "totalmente comprometida com a administração sustentada dos recursos hídricos e o direito humano à água".

"Em todos os lugares onde se extrai água, realizamos estudos de recursos hídricos e monitoramos frequentemente as retiradas para garantir que não afete as bacias hidrográficas locais e os aquíferos", afirmou.