Macri: "A Argentina gasta mais do que tem e não pode aguentar mais"

Buenos Aires, 23 mai (EFE).- O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse nesta quarta-feira (23) que o país "gasta mais do que tem" e "não pode aguentar mais", insistindo que o leque político, empresarial e social deve se reunir "com a verdade sobre a mesa" para solucionar este desequilíbrio.
"Temos que nos sentar todos com a verdade sobre a mesa e dizer como vamos deixar de gastar menos do que temos desde o Estado, como terminar com todos os privilégios que se escondem por trás de um orçamento nacional", declarou Macri durante a inauguração de um parque eólico na província de Buenos Aires.
"Porque quem se levanta para trabalhar todos os dias às 6 da manhã e chega e não falta nunca e se esmera... Esse não tem nenhum subsídio. Pede que o deixem trabalhar e progredir. Temos que resolver este tema, é o momento, aqui e agora e o vamos resolver porque queremos crescer", ressaltou Macri.
Estas declarações acontecem quase que uma semana depois que, após vários dias de abrupta desvalorização do peso frente ao dólar, o presidente pediu para se fazer um "grande acordo" nacional com líderes políticos, sindicais e empresariais para acabar com o "flagelo" do déficit e favorecer o crescimento do país, enquanto se negocia um crédito com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Projeto tenta limitar gastos do governo
Para Macri, tudo o que se pode fazer "se pode multiplicar e não se parar para crescer por 20 anos". Entre as suas propostas, o presidente destacou a necessidade de continuar trabalhando para criar trabalho de qualidade.
"Para isso preciso que os argentinos continuem firmes e convencidos de que estamos no caminho correto e que me ajudem a que todos os dirigentes entendamos que temos que ser responsáveis nas coisas que propomos", enfatizou Macri.
O presidente argentino lembrou o projeto de lei que a oposição tramita no Congresso para conter os aumentos que o governo dispôs nos últimos meses nas tarifas de serviços como eletricidade e gás.
Essa iniciativa procura retroceder as tarifas ao final de 2017 por "uma questão social" e subordinar a partir dessa data os aumentos à evolução dos salários, no caso dos usuários domésticos, e ao índice de preços atacadistas, para as pequenas e médias empresas, algo que o oficialismo assegura terá, se for aprovado, um custo fiscal impagável.
"As tarifas são as que representam o que vale produzir a energia. Se tivesse tido alternativa para que isto funcionasse sem que ninguém pagasse teria sido o primeiro a levá-la adiante", reconheceu Macri, em referência à decisão de seu governo de ir eliminando os fortes subsídios estatais que o setor energético recebia durante os governos kirchneristas.
Esta situação, segundo o Executivo, fez com que as tarifas ficassem quase congeladas durante uma década apesar da forte inflação, e que diminuíssem os investimentos no rubro.
"Disse desde o primeiro dia que ia falar a verdade e que mágica não fazia e por isso estamos recompondo as tarifas, com o que não só geramos energia, que é trabalho futuro e presente", acrescentou o presidente.
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