Lenço de seda kelagayi é ícone da moda no Azerbaijão
Farid Gajramanov.
Baku, 24 mai (EFE).- O lenço de seda kelagayi, peça de roupa tradicional das mulheres do Azerbaijão, além de ser um acessório de moda, é uma das marcas da identidade nacional, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
"O kelagayi é um trabalho artesanal único. Em primeiro lugar, porque se distingue pelos materiais da sua confecção, as diferentes variedades de seda fina", explicou o pintor, tapeceiro e especialista em arte do Azerbaijão, Eldar Mikailzade.
De acordo com ele, o lenço produz uma beleza estética ao incluir no seu design elementos ornamentais do Azerbaijão, como a "buta" (lágrima curva), pássaros ou flores.
"Todas as regiões do país têm suas variantes únicas de kelagayi", acrescentou.
O acessório é um complemento fundamental no armário das azerbaijanas e está se tornando cada vez mais popular também entre as turistas que visitam o país de maioria muçulmana, banhado pelo mar Cáspio.
"O kelagayi, ao contrário de outros acessórios usados na cabeça, cai bem em todas as mulheres, e é por isso que é muito procurado pelas turistas", afirmou o especialista.
Além da parte estética, os lenços de seda do Azerbaijão também têm um valor prático, pois servem para proteger tanto do frio quanto do calor, dependendo da estação do ano, e ainda têm longa durabilidade.
"A seda é caracterizada por ser um material durável, e as donas do acessório, que combina tradição com moda, podem se gabar disso por muito tempo", conclui.
As cores dos lenços também têm um significado: mulheres mais velhas usam o kelagayi preto como sinal de luto e, no dia a dia, costumam cobrir a cabeça com o branco. Nos casamentos tradicionais, a noiva é coberta com um modelo vermelho. Porém, entre as jovens, também são muito populares as cores azul, roxo e verde.
Antigamente, os lenços tinham uma forma quadrada e um tamanho padrão de 150 x 150 centímetros, mas, atualmente, essas regras não são mais aplicadas com tanto rigor durante a fabricação.
Na aldeia montanhosa de Basgal, a 150 quilômetros a noroeste da capital Baku, fica um dos centros de produção dos kelagayi. Lá, cada artesão pode confeccionar cerca de 15 lenços por dia, dependendo da demanda.
O artesão Abbasali Talíbov, que herdou do pai e do avô a técnica da fabricação, passa agora o ritual para seu filho de 16 anos. Segundo ele, para decorar um lenço, é usado um molde especial e impresso com cera o desenho sobre a seda, enquanto o resto do kelagayi é tingido com a cor principal.
"Então, a cera é removida e, se quisermos, deixamos o desenho em branco ou pintamos em tons mais claros do que a cor principal", explicou Talibov.
Alguns dos moldes de aço e madeira que são utilizados ainda hoje foram preservados desde tempos imemoriais, e todos guardam uma mensagem especial. A grande "buta", por exemplo, simboliza o Sol e a realização dos desejos, e a dupla "buta", amor e fidelidade.
Segundo os artesãos, o mestre geralmente expressa no lenço seus desejos para sua futura mulher e, por isso, não há dois kelagayi iguais.
Em Basgal, os turistas podem encontrar também o museu do lenço do Azerbaijão, onde os visitantes podem aprender sobre sua história, conferir variedades e até mesmo assistir ao processo de fabricação das peças de seda.
A chefe do Departamento de Gênero e Psicologia Aplicada da Universidade Estadual de Baku, Rena Ibraguimbekova, conta que o kelagayi simboliza "a honra das mulheres do Azerbaijão, a paz e o bem-estar".
Ibraguimbekova lembra que pesquisas realizadas no final dos anos 90 concluíram que a arte do kelagayi estava se perdendo. Mas, graças a seus esforços e ao apoio das autoridades do país, a antiga peça voltou a ganhar vida.
Em 2014, o kelagayi foi incluído na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, ganhando, desta forma, o estímulo definitivo que devolveu o lenço de seda ao cotidiano da sociedade azerbaijana.
Baku, 24 mai (EFE).- O lenço de seda kelagayi, peça de roupa tradicional das mulheres do Azerbaijão, além de ser um acessório de moda, é uma das marcas da identidade nacional, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
"O kelagayi é um trabalho artesanal único. Em primeiro lugar, porque se distingue pelos materiais da sua confecção, as diferentes variedades de seda fina", explicou o pintor, tapeceiro e especialista em arte do Azerbaijão, Eldar Mikailzade.
De acordo com ele, o lenço produz uma beleza estética ao incluir no seu design elementos ornamentais do Azerbaijão, como a "buta" (lágrima curva), pássaros ou flores.
"Todas as regiões do país têm suas variantes únicas de kelagayi", acrescentou.
O acessório é um complemento fundamental no armário das azerbaijanas e está se tornando cada vez mais popular também entre as turistas que visitam o país de maioria muçulmana, banhado pelo mar Cáspio.
"O kelagayi, ao contrário de outros acessórios usados na cabeça, cai bem em todas as mulheres, e é por isso que é muito procurado pelas turistas", afirmou o especialista.
Além da parte estética, os lenços de seda do Azerbaijão também têm um valor prático, pois servem para proteger tanto do frio quanto do calor, dependendo da estação do ano, e ainda têm longa durabilidade.
"A seda é caracterizada por ser um material durável, e as donas do acessório, que combina tradição com moda, podem se gabar disso por muito tempo", conclui.
As cores dos lenços também têm um significado: mulheres mais velhas usam o kelagayi preto como sinal de luto e, no dia a dia, costumam cobrir a cabeça com o branco. Nos casamentos tradicionais, a noiva é coberta com um modelo vermelho. Porém, entre as jovens, também são muito populares as cores azul, roxo e verde.
Antigamente, os lenços tinham uma forma quadrada e um tamanho padrão de 150 x 150 centímetros, mas, atualmente, essas regras não são mais aplicadas com tanto rigor durante a fabricação.
Na aldeia montanhosa de Basgal, a 150 quilômetros a noroeste da capital Baku, fica um dos centros de produção dos kelagayi. Lá, cada artesão pode confeccionar cerca de 15 lenços por dia, dependendo da demanda.
O artesão Abbasali Talíbov, que herdou do pai e do avô a técnica da fabricação, passa agora o ritual para seu filho de 16 anos. Segundo ele, para decorar um lenço, é usado um molde especial e impresso com cera o desenho sobre a seda, enquanto o resto do kelagayi é tingido com a cor principal.
"Então, a cera é removida e, se quisermos, deixamos o desenho em branco ou pintamos em tons mais claros do que a cor principal", explicou Talibov.
Alguns dos moldes de aço e madeira que são utilizados ainda hoje foram preservados desde tempos imemoriais, e todos guardam uma mensagem especial. A grande "buta", por exemplo, simboliza o Sol e a realização dos desejos, e a dupla "buta", amor e fidelidade.
Segundo os artesãos, o mestre geralmente expressa no lenço seus desejos para sua futura mulher e, por isso, não há dois kelagayi iguais.
Em Basgal, os turistas podem encontrar também o museu do lenço do Azerbaijão, onde os visitantes podem aprender sobre sua história, conferir variedades e até mesmo assistir ao processo de fabricação das peças de seda.
A chefe do Departamento de Gênero e Psicologia Aplicada da Universidade Estadual de Baku, Rena Ibraguimbekova, conta que o kelagayi simboliza "a honra das mulheres do Azerbaijão, a paz e o bem-estar".
Ibraguimbekova lembra que pesquisas realizadas no final dos anos 90 concluíram que a arte do kelagayi estava se perdendo. Mas, graças a seus esforços e ao apoio das autoridades do país, a antiga peça voltou a ganhar vida.
Em 2014, o kelagayi foi incluído na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, ganhando, desta forma, o estímulo definitivo que devolveu o lenço de seda ao cotidiano da sociedade azerbaijana.
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