Com shorts e apito, jovens libanesas organizam trânsito em cidade turística
Kathy Seleme.
Beirute, 8 jul (EFE).- Jovens mulheres usando shorts e uma boina vermelha são as responsáveis por organizar o trânsito na principal rua da cidade de Brumana, ao norte de Beirute, com o apoio do prefeito e diante da indignação de muitos com a iniciativa considerada machista.
"Quero demonstrar ao mundo que o Líbano é um país moderno da mesma forma que qualquer outro", afirmou à Agência Efe o chefe da administração local e do Sindicato de Hoteleiros do Líbano, Pierre Achkar.
"Muitas pessoas têm uma ideia falsa sobre o país", acrescentou o prefeito, que afirma que nem todas as mulheres usam a indumentária islâmica conservadora.
Achkar acrescentou que "o short é uma vestimenta normal no verão em Brumana", não só porque seus habitantes o usam, mas também os turistas que passam férias nesta cidade, situada perto da capital e localizada no litoral, mas com um clima fresco nos meses quentes.
As mulheres que estão atraindo os olhares e as críticas de diferentes setores da sociedade são estudantes universitárias, segundo revelou o prefeito, que assegurou que "nenhuma delas foi alvo de assédio ou de outro tratamento negativo".
Para evitar que as jovens, que usam uma camiseta preta com a palavra "polícia", sejam alvo de assédio sexual ou de olhares indiscretos, Achkar explicou que sempre estão acompanhadas de agentes homens, que vestem calça comprida.
"O corpo do homem é menos estético e não tem o refinamento como o da mulher para usar a mesma vestimenta. Não se pode esquecer que é muito pelo", disse o prefeito para se defender das acusações de que o uniforme das jovens procura atrair os turistas.
Nas redes sociais, cidadãos de todo o país, assim como residentes de Brumana, denunciaram a iniciativa e acusaram a Câmara Municipal de "instrumentalizar" o corpo das policiais, que por enquanto só trabalham em uma rua da cidade.
No entanto, Achkar espera que no próximo verão outras administrações copiem sua ideia para demonstrar aos turistas estrangeiros que "o Líbano é um país vanguardista onde podem se sentir como em seu próprio" e não necessitam cobrir o corpo para visitar este destino do Oriente Médio.
"É verdade que o país necessita de mudanças e atrair turistas para sair do marasmo econômico atual", admitiu Amal, uma professora libanesa que, no entanto, rejeita o fato de "o corpo da mulher ser utilizado como um objeto sexual" e expressa, além disso, seus temores pela segurança das jovens policiais.
"Acho que teria sido mais interessante começar pela conservação do patrimônio cultural, fazer respeitar as leis e melhorar as infraestruturas, ao invés de usar as jovens para promover o turismo", acrescentou em declarações à Agência Efe.
Por sua vez Jean, um homem de 30 anos residente no Líbano e empregado de uma empresa de telecomunicações, se surpreendeu positivamente ao ver as jovens organizando o tráfego no centro de Brumana.
"Ver jovens tão bonitas e tão bem maquiadas no meio da rua me surpreendeu, mas não pelo fato de usarem shorts", os quais - segundo garantiu - "não são provocadores".
O jovem ainda disse à Agência Efe que quando se deu conta de que eram policiais e que, além disso, estavam acompanhadas, a iniciativa lhe pareceu "muito positiva".
As protagonistas da polêmica parecem estar satisfeitas com o trabalho e o uniforme atribuído pela Câmara Municipal, como declararam aos meios de comunicação locais libaneses.
Além de agradecer o fato de ter um trabalho de verão, em um país no qual a economia está em crise, asseguraram estar "orgulhosas" de serem policiais, ajudar a dirigir o tráfego, que algumas vezes pode ser caótico no Líbano, assim como contribuir para "diminuir a tensão em caso de um incidente" nas ruas de Brumana.
No Líbano, a violência contra as mulheres é um grave problema que recentemente ganhou os holofotes graças a ONGs e ativistas que trabalham pelos direitos das mulheres, que ainda são submissas a normas sociais e religiosas tradicionais, apesar de o país ser considerado o mais liberal da região.
Beirute, 8 jul (EFE).- Jovens mulheres usando shorts e uma boina vermelha são as responsáveis por organizar o trânsito na principal rua da cidade de Brumana, ao norte de Beirute, com o apoio do prefeito e diante da indignação de muitos com a iniciativa considerada machista.
"Quero demonstrar ao mundo que o Líbano é um país moderno da mesma forma que qualquer outro", afirmou à Agência Efe o chefe da administração local e do Sindicato de Hoteleiros do Líbano, Pierre Achkar.
"Muitas pessoas têm uma ideia falsa sobre o país", acrescentou o prefeito, que afirma que nem todas as mulheres usam a indumentária islâmica conservadora.
Achkar acrescentou que "o short é uma vestimenta normal no verão em Brumana", não só porque seus habitantes o usam, mas também os turistas que passam férias nesta cidade, situada perto da capital e localizada no litoral, mas com um clima fresco nos meses quentes.
As mulheres que estão atraindo os olhares e as críticas de diferentes setores da sociedade são estudantes universitárias, segundo revelou o prefeito, que assegurou que "nenhuma delas foi alvo de assédio ou de outro tratamento negativo".
Para evitar que as jovens, que usam uma camiseta preta com a palavra "polícia", sejam alvo de assédio sexual ou de olhares indiscretos, Achkar explicou que sempre estão acompanhadas de agentes homens, que vestem calça comprida.
"O corpo do homem é menos estético e não tem o refinamento como o da mulher para usar a mesma vestimenta. Não se pode esquecer que é muito pelo", disse o prefeito para se defender das acusações de que o uniforme das jovens procura atrair os turistas.
Nas redes sociais, cidadãos de todo o país, assim como residentes de Brumana, denunciaram a iniciativa e acusaram a Câmara Municipal de "instrumentalizar" o corpo das policiais, que por enquanto só trabalham em uma rua da cidade.
No entanto, Achkar espera que no próximo verão outras administrações copiem sua ideia para demonstrar aos turistas estrangeiros que "o Líbano é um país vanguardista onde podem se sentir como em seu próprio" e não necessitam cobrir o corpo para visitar este destino do Oriente Médio.
"É verdade que o país necessita de mudanças e atrair turistas para sair do marasmo econômico atual", admitiu Amal, uma professora libanesa que, no entanto, rejeita o fato de "o corpo da mulher ser utilizado como um objeto sexual" e expressa, além disso, seus temores pela segurança das jovens policiais.
"Acho que teria sido mais interessante começar pela conservação do patrimônio cultural, fazer respeitar as leis e melhorar as infraestruturas, ao invés de usar as jovens para promover o turismo", acrescentou em declarações à Agência Efe.
Por sua vez Jean, um homem de 30 anos residente no Líbano e empregado de uma empresa de telecomunicações, se surpreendeu positivamente ao ver as jovens organizando o tráfego no centro de Brumana.
"Ver jovens tão bonitas e tão bem maquiadas no meio da rua me surpreendeu, mas não pelo fato de usarem shorts", os quais - segundo garantiu - "não são provocadores".
O jovem ainda disse à Agência Efe que quando se deu conta de que eram policiais e que, além disso, estavam acompanhadas, a iniciativa lhe pareceu "muito positiva".
As protagonistas da polêmica parecem estar satisfeitas com o trabalho e o uniforme atribuído pela Câmara Municipal, como declararam aos meios de comunicação locais libaneses.
Além de agradecer o fato de ter um trabalho de verão, em um país no qual a economia está em crise, asseguraram estar "orgulhosas" de serem policiais, ajudar a dirigir o tráfego, que algumas vezes pode ser caótico no Líbano, assim como contribuir para "diminuir a tensão em caso de um incidente" nas ruas de Brumana.
No Líbano, a violência contra as mulheres é um grave problema que recentemente ganhou os holofotes graças a ONGs e ativistas que trabalham pelos direitos das mulheres, que ainda são submissas a normas sociais e religiosas tradicionais, apesar de o país ser considerado o mais liberal da região.
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