Tabaco de mascar resiste na Índia apesar das proibições
David Asta Alares.
Nova Délhi, 5 ago (EFE).- Apesar de proibido na maior parte da Índia, o "gutka", um tipo de tabaco de mascar, continua sendo muito popular e fácil de encontrar em um país no qual uma em cada cinco pessoas consome esse tipo de produto.
Em uma rua central de Nova Délhi, Sonu distribui envelopes dispostos em tiras cheios de "paan masala", uma mistura de menta, açúcares, especiarias e noz de areca, um ingrediente que tinge de vermelho os dentes e a saliva dos que a consomem, provocando uma exótica "decoração" após os cuspes nas calçadas.
A pedido dos clientes, quase sempre homens que chegam ao local em um movimento constante, ao "paan masala", permitido pela legislação, é acrescentado o "gutka", ilegal, por alguns centavos de euro.
"É ilegal para os que compram, mas o meu trabalho é vendê-lo. Se alguém vem e me pede doces, não vou vender 'gutka'. Eu só vendo para quem me pede. Outros comem 'paan' doce e outros o misturam com tabaco", afirma Sonu.
O vendedor revela vender muito o produto ilegal e lamenta que o governo siga arrecadando impostos sobre produtos como o tabaco enquanto pessoas como ele "não ganham nada".
De tempos em tempos, a loja é alvo de batidas da polícia ou de funcionários do Departamento de Segurança Alimentar em busca de "gutka". As operações fazem Sonu deixar o produto de lado por alguns meses, mas logo a demanda o convence a voltar a vendê-lo.
A imprensa indiana costuma publicar regularmente as últimas apreensões de tabaco de mascar. Uma das mais recentes ocorreu no estado de Maharashtra, no oeste do país, onde a polícia interceptou 150 sacos cheios de envelopes de "gutka" avaliados em 50 mil euros.
"É verdade que algumas lojas continuam vendendo 'gutka', embora não abertamente, e que este problema segue vivo na Índia", explicou à Agência Efe o diretor-adjunto do Departamento do Controle de Tabaco de Délhi, S.K. Arora.
Segundo ele, o governo proibiu o "gutka" em setembro de 2012, mas os produtores encontraram uma brecha na legislação que os permitia dividir o produto em dois: em uma embalagem vai a noz de areca e os demais aditivos; na outra, o tabaco de mascar.
"Agora, quando você pede 'gutka' a um vendedor, ele te dará dois pacotes por uma rubia cada. As pessoas costumam misturá-los nas mãos e mascá-los. Dessa forma, a proibição em todo país falhou", disse.
Após o fracasso inicial, as autoridades mudaram a legislação e ampliaram a proibição para todos os estados do país. O texto, porém, tem erros. Um deles limita a restrição ao período de um ano, o que obriga os governos regionais a renová-la periodicamente.
Arora disse que a proibição, junto com as campanhas educativas e de conscientização, conseguiu reduzir drasticamente o consumo do "gutka" em Délhi.
A cidade iniciou um projeto para destacar o efeito nocivo do produto nas gengivas e o risco de desenvolver câncer bucal.
Realizada pela Organização Mundial de Saúde em 2016, a Global Adult Tobacco Survey (GATS) mostra que 3% dos adultos que vivem na capital de indiana consomem esse produto. O número era de 8,2% em 2009, de acordo com os dados do GATS daquele ano.
No entanto, Arora reconhece que a queda não se repetiu no resto do país. Segundo a GATS de 2016, o "gutka" é o terceiro tipo de tabaco mais consumido da Índia (por 6,8% da população adulta).
Após a proibição do "gutka", Arora afirma que o principal objetivo do departamento comandado por ele é acabar com o consumo de "khaini".
"Se o 'khaini' passar a ser considerado como um alimento, então poderemos incluído na ata que regula o 'gutka'. O problema das notificações anuais será resolvido e o tabaco de mascar será proibido para sempre na Índia", projetou o diretor.
Embora neste país, no qual 40% de todos os homens consomem tabaco de algum tipo e um quinto de todos os adultos o masca, proibir este produto não garante seu desaparecimento.
Nova Délhi, 5 ago (EFE).- Apesar de proibido na maior parte da Índia, o "gutka", um tipo de tabaco de mascar, continua sendo muito popular e fácil de encontrar em um país no qual uma em cada cinco pessoas consome esse tipo de produto.
Em uma rua central de Nova Délhi, Sonu distribui envelopes dispostos em tiras cheios de "paan masala", uma mistura de menta, açúcares, especiarias e noz de areca, um ingrediente que tinge de vermelho os dentes e a saliva dos que a consomem, provocando uma exótica "decoração" após os cuspes nas calçadas.
A pedido dos clientes, quase sempre homens que chegam ao local em um movimento constante, ao "paan masala", permitido pela legislação, é acrescentado o "gutka", ilegal, por alguns centavos de euro.
"É ilegal para os que compram, mas o meu trabalho é vendê-lo. Se alguém vem e me pede doces, não vou vender 'gutka'. Eu só vendo para quem me pede. Outros comem 'paan' doce e outros o misturam com tabaco", afirma Sonu.
O vendedor revela vender muito o produto ilegal e lamenta que o governo siga arrecadando impostos sobre produtos como o tabaco enquanto pessoas como ele "não ganham nada".
De tempos em tempos, a loja é alvo de batidas da polícia ou de funcionários do Departamento de Segurança Alimentar em busca de "gutka". As operações fazem Sonu deixar o produto de lado por alguns meses, mas logo a demanda o convence a voltar a vendê-lo.
A imprensa indiana costuma publicar regularmente as últimas apreensões de tabaco de mascar. Uma das mais recentes ocorreu no estado de Maharashtra, no oeste do país, onde a polícia interceptou 150 sacos cheios de envelopes de "gutka" avaliados em 50 mil euros.
"É verdade que algumas lojas continuam vendendo 'gutka', embora não abertamente, e que este problema segue vivo na Índia", explicou à Agência Efe o diretor-adjunto do Departamento do Controle de Tabaco de Délhi, S.K. Arora.
Segundo ele, o governo proibiu o "gutka" em setembro de 2012, mas os produtores encontraram uma brecha na legislação que os permitia dividir o produto em dois: em uma embalagem vai a noz de areca e os demais aditivos; na outra, o tabaco de mascar.
"Agora, quando você pede 'gutka' a um vendedor, ele te dará dois pacotes por uma rubia cada. As pessoas costumam misturá-los nas mãos e mascá-los. Dessa forma, a proibição em todo país falhou", disse.
Após o fracasso inicial, as autoridades mudaram a legislação e ampliaram a proibição para todos os estados do país. O texto, porém, tem erros. Um deles limita a restrição ao período de um ano, o que obriga os governos regionais a renová-la periodicamente.
Arora disse que a proibição, junto com as campanhas educativas e de conscientização, conseguiu reduzir drasticamente o consumo do "gutka" em Délhi.
A cidade iniciou um projeto para destacar o efeito nocivo do produto nas gengivas e o risco de desenvolver câncer bucal.
Realizada pela Organização Mundial de Saúde em 2016, a Global Adult Tobacco Survey (GATS) mostra que 3% dos adultos que vivem na capital de indiana consomem esse produto. O número era de 8,2% em 2009, de acordo com os dados do GATS daquele ano.
No entanto, Arora reconhece que a queda não se repetiu no resto do país. Segundo a GATS de 2016, o "gutka" é o terceiro tipo de tabaco mais consumido da Índia (por 6,8% da população adulta).
Após a proibição do "gutka", Arora afirma que o principal objetivo do departamento comandado por ele é acabar com o consumo de "khaini".
"Se o 'khaini' passar a ser considerado como um alimento, então poderemos incluído na ata que regula o 'gutka'. O problema das notificações anuais será resolvido e o tabaco de mascar será proibido para sempre na Índia", projetou o diretor.
Embora neste país, no qual 40% de todos os homens consomem tabaco de algum tipo e um quinto de todos os adultos o masca, proibir este produto não garante seu desaparecimento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.