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Sem dar detalhes, FMI e Argentina destacam avanços na antecipação de crédito

04/09/2018 22h06

Alfonso Fernández.

Washington, 4 set (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, destacaram nesta terça-feira "avanços" nas negociações em relação com a antecipação do crédito de US$ 50 bilhões solicitada pela Argentina para frear a "renovada volatilidade" e "o entorno econômico desafiante".

"O ministro Dujovne, o vice-presidente do Banco Central (Gustavo) Cañonero e eu nos reunimos hoje para iniciar conversas sobre como o Fundo pode oferecer um melhor apoio à Argentina frente à renovada volatilidade financeira e ao entorno econômico desafiante", disse Christine Lagarde, diretora do FMI, em um breve comunicado.

Lagarde ressaltou os "avanços" alcançados durante o encontro "para fortalecer ainda mais o programa das autoridades argentinas respaldadas pelo FMI" e reiterou que "o objetivo comum é chegar a uma conclusão rápida para apresentar uma proposta ao Diretório Executivo" da instituição.

A reunião aconteceu na sede do Fundo e, depois dela, Dujovne se reuniu com o número dois do organismo, David Lipton.

No entanto, não se sabe, por enquanto, o montante que Buenos Aires solicitará do pacote de assistência assinado em junho, e do qual afirmou então que utilizaria apenas US$ 15 bilhões e deixaria o restante de maneira preventiva.

A viagem de Dujovne a Washington aconteceu depois que o presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou nesta segunda-feira um agressivo plano de cortes e ajuste fiscal, com a meta de conseguir um déficit primário de 0% em 2019, frente ao -1,3% calculado previamente.

Este programa inclui a supressão de nove ministérios e a aplicação de impostos generalizados aos exportadores argentinos.

"Eu tenho claro qual é o caminho para sair desta tempestade e estabilizar a macroeconomia e estamos trabalhando nisso: aprovar um orçamento equilibrado e somar um novo acordo com o FMI", afirmou hoje Macri em uma conferência empresarial em Buenos Aires.

Este plano de contenção é divulgado após uma semana na qual a moeda do país sul-americano caiu 21% frente ao dólar e fechou agosto com uma queda acumulada de 34%.

Em Washington, o governo argentino recebeu o apoio do presidente americano, Donald Trump, que emitiu um incomum comunicado em primeira pessoa esta manhã no qual expressava seu apoio às medidas adotadas por Macri.

"O presidente Macri está fazendo um excelente trabalho nesta muito difícil situação econômica e financeira", declarou Trump em comunicado, após informar que tinha conversado nesta manhã com o governante argentino.

Apesar das palavras de Trump e da viagem de Dujovne à capital americana, o preço do dólar fechou o dia com uma alta de quase 4%, a 39,50 pesos por unidade, apesar da nova intervenção do Banco Central, que realizou duas licitações de venda de moeda americana, em um total de US$ 358 milhões.

Embora reconheçam os problemas políticos que a decisão de acelerar o crédito ao FMI pode acarretar, os analistas consideram acertada a decisão de Macri, especialmente em um momento de aguçada incerteza global.