OMC prevê desaceleração do comércio mundial por tensões comerciais e Brexit
Antonio Broto.
Genebra, 2 abr (EFE).- O conflito tarifário entre China e Estados Unidos e as dúvidas na Europa quanto ao Brexit são algumas das questões que fizeram a Organização Mundial do Comércio (OMC) prever um crescimento de apenas 2,6% das trocas comerciais globais em 2019, quatro décimos a menos do que em 2018, segundo previsões divulgadas nesta terça-feira.
Em 2020, a organização com sede em Genebra acredita que o ritmo de crescimento será retomado e o comércio voltará a crescer 3%, mas só se houver um alívio nas tensões comerciais, segundo destacou na apresentação das previsões o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo.
"O comércio não pode desempenhar plenamente sua função de impulsor de crescimento" por causa das atuais tensões, ressaltou o responsável da OMC, organização que prevê um aumento de 2,6% no PIB mundial tanto em 2019 como em 2020, frente aos 2,9% registrados em 2018.
Existem vários fatores para essa projeção de queda do PIB, segundo a OMC, como a política fiscal expansionista nos EUA, a retirada gradual dos incentivos monetários na zona do euro e o processo de reforma econômica na China, que procura se concentrar menos em exportações e mais em seu mercado interno.
A julgar pelos prognósticos, o clima de desaceleração afetará mais os países desenvolvidos, cujas trocas comerciais crescerão abaixo da média (as exportações aumentarão 2,1% em 2019 e 2,5% em 2020).
Para os países em desenvolvimento, impulsionados por potências emergentes como China, Índia e Brasil, estima-se que as exportações crescerão 3,4% em 2019 e 3,7% em 2020.
As Américas do Sul e Central, segundo as previsões da OMC (que excluem o México nessa área), serão as regiões onde as exportações crescerão a um menor ritmo em 2019 e 2020 (0,7% e 1% respectivamente), mas, por outro lado, vão liderar o crescimento das importações em 2020 (quando crescerão 5,8%).
A OMC considera complicado quantificar os efeitos da guerra comercial entre China e EUA nas trocas globais, já que isto dependerá das medidas tarifárias que entrarem em vigor, embora ressalte que inclusive as meras ameaças entre Pequim e Washington prejudicam o comércio porque contribuem para a incerteza.
O cenário mais pessimista prediz que uma guerra comercial total entre EUA e China, os dois maiores exportadores e importadores globais, poderia provocar uma queda do PIB mundial de 2% e do comércio de 17% em 2022.
Esses números, calculados por economistas da OMC, seriam inclusive piores que os da grande crise financeira global de 2008, que gerou uma retração das trocas mundiais de 12% em 2009 e uma redução de 2% no PIB mundial.
"Nesta guerra não haveria um ganhador e um perdedor, mas muitos perdedores, todo o mundo seria prejudicado por um freio do comércio global", comentou Azevêdo.
No entanto, o diretor-geral manifestou sua esperança quanto às negociações entre Washington e Pequim alcançarem um bom resultado e disse que a OMC não pretende mediar ou interferir nessas conversas.
O economista-chefe da OMC, Robert Koopman, ressaltou que as tensões comerciais já se traduzem em diversificação de trocas e investimentos que poderia beneficiar outras economias, como a mexicana, que conseguiu atrair capitais tradicionalmente dirigidos dos EUA à China.
Em 2018, a China se manteve como o maior exportador mundial de mercadorias, com vendas no valor de US$ 2,48 trilhões, seguida por EUA (US$ 1,66 trilhão), Alemanha, Japão e Holanda.
Os EUA foram, por outro lado, o maior importador global, com um valor de US$ 2,61 trilhões, enquanto a China ocupou o segundo lugar com US$ 2,13 trilhões em compras, seguida por Alemanha, Japão e Reino Unido. EFE
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.