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Seca terá impacto de US$ 15 milhões no Canal do Panamá

02/04/2019 22h00

Cidade do Panamá, 2 abr (EFE).- A seca obrigou o Canal do Panamá a aplicar restrições de calado nos grandes navios que atravessam as eclusas de embarque ampliadas, uma medida que lhe custará cerca de US$ 15 milhões, segundo indicou nesta terça-feira à Agência Efe um executivo da rota interoceânica.

O vice-presidente de Ambiente, Água e Energia, Carlos Vargas, explicou que as restrições afetam apenas os navios New Panamax que atravessam as eclusas de embarque ampliadas, inauguradas em junho de 2016, e disse que estes ajustes começaram há alguns meses em 49 pés (14,9 metros) e se estenderão no próximo dia 30 de abril até 44 pés (13,4 metros).

"Este ajuste de calado a 44 pés, sim, vai afetar bastantes navios e poderia ter um impacto de US$ 15 milhões nas receitas por pedágios do canal", afirmou o executivo.

O calado é a profundidade que alcança na água a parte submersa de uma embarcação e, quando há restrições, os navios são obrigados a levar menos carga para navegar sem riscos.

Por enquanto, a via aquática descarta aplicar essa medida às eclusas de embarque centenárias, como ocorreu em abril de 2016, porque todas as previsões assinalam que as chuvas começarão a partir do próximo mês de maio, ressaltou Vargas.

O canal, construído no início do século passado pelos Estados Unidos e pelo qual passa cerca de 6% do comércio mundial, opera com sistemas de eclusas de embarque em distintos níveis, que requerem 202.000 metros cúbicos de água a cada vez que passa um navio.

Segundo os especialistas, a seca que castigou o Panamá entre o final de 2015 e o início de 2016, como consequência do fenômeno meteorológico El Niño, foi a pior em 100 anos e causou perdas de US$ 40 milhões ao canal.

O executivo do canal garantiu que El Niño não vai durar este ano tanto como então, mas alertou que o nível dos lagos Gatún e Alajuela, dois açudes artificiais que abastecem o canal, "está mais baixo que o normal".

"Temos um déficit atual de 1,2 metro abaixo do nível ótimo para esta época no lago Gatum e um déficit de 2,3 metros no lago Alajuela", declarou Vargas.

O baixo nível dos lagos é produto da ausência de chuvas - as últimas precipitações na bacia do canal caíram no final de novembro -, mas também da intensa evaporação e dos fortes ventos, acrescentou o executivo.

O Panamá se encontra em plena temporada de seca, que se estende aproximadamente até abril. A presença de El Niño, um fenômeno que ocorre cada a dois ou três anos como consequência do aquecimento anormal do oceano Pacífico, prolonga a temporada e diminui as chuvas a níveis mínimos.

Além dos ajustes de calado, a rota aquática está há vários meses aplicando medidas de economia de água como os enchimentos cruzados de eclusas de embarque, o uso intensivo de tinas e o fechamento temporário de uma usina hidrelétrica no leito do canal "para evitar que essa água saia do sistema", acrescentou Vargas.

Os dois maiores clientes da rota aquática são os Estados Unidos e a China e o transporte de contêineres é o seu principal negócio, embora as novas eclusas de embarque, inauguradas em junho de 2016, tenham aberto passagem a novos mercados, como os grandes cruzeiros e o gás natural liquefeito (GNL). EFE