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México prevê aumento no comércio com EUA, mas não confirma pacto com Trump

09/06/2019 14h39

Washington, 9 jun (EFE).- A embaixadora do México nos Estados Unidos, Martha Bárcena, previu neste domingo que haverá "um aumento drástico" no comércio bilateral nos próximos meses, mas evitou confirmar que seu governo aceitou comprar mais produtos agrícolas americanos como parte das negociações desta semana em Washington.

Em entrevista à emissora de televisão "CBS News", Bárcena não respondeu diretamente à pergunta sobre se o México aceitou - como parte das conversas para conseguir a não aplicação de tarifas sobre produtos mexicanos - aumentar suas compras de produtos agrícolas dos EUA.

O presidente americano, Donald Trump, assegurou neste sábado em um tweet que o México "aceitou começar imediatamente a comprar grandes quantidades de produtos agrícolas", e deu a entender que esse compromisso fez parte das negociações que levaram a um acordo sobre imigração e à suspensão das tarifas.

Perguntada se houve um acordo para esse fim, Bárcena se limitou a indicar que tem certeza que "o comércio de bens agrícolas poderia aumentar drasticamente nos próximos meses".

A embaixadora, que esteve presente nas negociações em Washington, não quis fazer comentários sobre o tweet de Trump e enfatizou, por outro lado, que o México já é o segundo maior mercado para as exportações agrícolas americanas e que essa tendência continuará, especialmente com a ratificação do tratado comercial T-MEC.

"Sem tarifas e com a ratificação do T-MEC, haverá um aumento nas taxas (comerciais), tanto em produtos agrícolas como em produtos manufaturados", ressaltou Bárcena.

A apresentadora do programa lhe pediu então para esclarecer se estava falando de um acordo paralelo alcançado durante as negociações desta semana, ou se simplesmente se referia a tendências comerciais, e Bárcena respondeu: "Estou falando sobre comércio".

No entanto, quando a emissora "CBS News" divulgou mais tarde no Twitter que Bárcena tinha contradito Trump, a embaixadora respondeu nessa rede social: "Eu não contradisse o presidente dos EUA. Só expliquei que, sem tarifas e com a ratificação do T-MEC, o comércio de produtos agrícolas aumentará".

Bárcena também disse confiar que o envio à fronteira do México com a Guatemala de 6.000 soldados da Guarda Nacional mexicana, que "começará na segunda-feira", dará "resultados em um prazo relativamente curto, de um mês ou um mês e meio", no sentido de conter a onda de centro-americanos que se dirigem aos EUA.

Quando questionada se os EUA exigiram uma meta concreta de redução nos fluxos migratórios que atravessam o México, a diplomata ressaltou que "o que se falou é que os números têm que voltar a níveis prévios, como os que tínhamos talvez no ano passado, em 2018".

Depois que Trump disse no Twitter que nas negociações "foram lembradas algumas coisas que não foram anunciadas no comunicado" de sexta-feira e que isso "será anunciado no momento adequado", Bárcena destacou que as equipes continuarão negociando.

"(O anunciado na sexta-feira) é uma declaração conjunta de princípios, que nos dá uma base para o roteiro que temos que seguir nos próximos meses quanto à migração (...). Seguiremos tendo conversas técnicas quase semanalmente", explicou.

O Departamento de Estado dos EUA já havia antecipado na sexta-feira que as conversas sobre imigração e asilo continuariam e que "serão completadas e anunciadas no prazo de 90 dias, se for necessário". EFE