Governo da Itália se divide sobre criação de moeda para pagar dívida pública
Roma, 11 jun (EFE).- Os partidos que dirigem a Itália, o antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S) e o de extrema-direita Liga Norte, defenderam nesta terça-feira a criação da uma espécie de moeda paralela para pagar a dívida pública, uma proposta que o ministro da Economia, Giovanni Tria, já disse que não será debatida em nível de governo.
A Itália fala nos últimos dias na hipótese de criar mini-bots (da sigla em italiano de "Buoni Ordinari del Tesoro" - "Bônus Ordinários do Tesouro"), uma espécie de letras de câmbio públicas, sem juros nem vencimento.
Seriam vales físicos, com um valor monetário reduzido (20, 50, 100 euros), que o Tesouro italiano entregaria aos provedores para que estes pudessem receber os pagamentos atrasados da administração pública, gastando estes mini-bots em lojas, bares, postos de gasolina e restaurantes do país.
A medida estava incluída no programa de governo do M5S e da Liga, mas nos últimos dias o debate se acalorou depois que a Câmara dos Deputados a apoiou com uma moção não vinculativa.
"Não vou me aprofundar (na minha posição sobre os mini-bots), mas Tria e (o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe) Conte devem me dizer como resolver o problema", disse hoje o ministro do Interior e líder da Liga, Matteo Salvini.
Já o líder do M5S e ministro de Desenvolvimento Econômico e de Trabalho, Luigi Di Maio, ressaltou que "o objetivo é pagar às empresas que têm créditos com o Estado" e que o nome é o de menos.
No entanto, Tria já reiterou que esta medida é "ilegal e inútil", porque violaria as regras europeias e aumentaria a dívida, e insistiu que "não será debatida em nível de governo".
O primeiro-ministro, Giuseppe Conte, também afirmou que desconhecia a proposta e que "deveria ter sido apresentada com um projeto detalhado para que fosse estudada".
O ministro da Economia e Conte fecharam assim as portas para esta solução, que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, descreveu como ilegal na semana passada, porque na prática significaria colocar em circulação uma moeda local.
Um dos maiores defensores da ideia é o presidente da Comissão de Orçamentos da Câmara dos Deputados e membro da Liga, Claudio Borghi, que declarou que não seria uma nova moeda, mas a "titularização de créditos já existentes".
"Os mini-bots estão no programa de governo. Seriam um instrumento alternativo para pagar as dívidas, sem ser uma moeda", argumentou.
A proposta foi criticada pela oposição e pelo secretário do partido progressista +Europa, Benedetto Della Vedova, que disse que "há um único fio condutor em todas as ações do governo: o plano B, o da saída da Itália do euro e da União Europeia". EFE
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