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Diretor-geral OMC espera que encontro entre Xi e Trump no G20 alivie tensões

20/06/2019 14h27

Genebra, 20 jun (EFE).- O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou nesta quinta-feira que acredita que um encontro entre os presidente da China e dos Estados Unidos, Xi Jinping e Donald Trump, aliviará as tensões nos mercados internacionais com a disputa comercial entre os dois países.

Xi e Trump, que conversaram por telefone na terça, devem se reunir na próxima semana durante a reunião de líderes do G20, que acontecerá em Osaka, no Japão.

"Essa possível reunião seria um gesto muito bem-vindo", declarou o brasileiro em entrevista coletiva sobre suas expectativas para a cúpula, na qual pedirá aos principais líderes globais para que atuem para reduzir os atritos tarifários e comerciais.

"Sou otimista, porque vejo movimento entre os membros da OMC, que estão negociando e falando entre eles, tentando buscar soluções", afirmou Azevêdo.

O diretor-geral antecipou, no entanto, que a OMC divulgará durante a cúpula números sobre as medidas restritivas de comércio impostas por membros do G20 e que "mais uma vez estarão acima da média histórica".

Sobre o recurso do presidente Trump de impor sobretaxas para tentar pressionar a China e outros parceiros comerciais, Azevêdo ressaltou que o presidente americano parece convencido de que esta medida é uma importante arma negociadora, mas acredita que não a longo prazo.

"Na OMC esperamos que a certo ponto estas medidas restritivas retrocedam, porque estão afetando o crescimento econômico e comercial global", ressaltou.

O principal dirigente da OMC julgou de forma negativa o uso de sobretaxas como estratégia de pressão de Trump para o México para dificultar a chegada de migrantes centro-americanos.

"Já vimos anteriormente o uso de sanções comerciais em um contexto de tensões geopolíticas e cada vez que isto ocorre, o mais provável é que haja um impacto negativo", afirmou.

"Serão interrompidas as redes globais de fornecimento, haverá dúvidas entre os investidores, a incerteza aumenta (...) e então toda a economia em seu conjunto sofre, todos perdem e quanto mais pobre e vulnerável é um país, mais afetado é", ressaltou.

Azevêdo descartou um encontro a sós com Trump em Osaka e afirmou que um dos principais pontos de sua agenda será pedir aos membros do G20 maiores esforços para buscar uma saída para a resistência dos EUA em apoiar o órgão de apelação da OMC.

Este mecanismo, um dos mais importantes da organização por poder emitir decisões vinculativas sobre conflitos comerciais entre os membros, pode ficar totalmente sem liderança devido à recusa dos Estados Unidos em nomear novos juízes para os lugares dos que terminarão o mandato em dezembro.

"Não posso dizer que as conversas estejam avançando, mas peço aos países-membros que considerem seriamente todas as opções. Há realmente pressa, porque dezembro está aí", advertiu o brasileiro. EFE