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BID Invest: A. Latina precisa de planejamento para promover sustentabilidade

21/06/2019 18h40

Washington, 21 jun (EFE).- A América Latina enfrenta grandes desafios em sustentabilidade social e ambiental por ser uma das regiões mais expostas à mudança climática, um problema que não será resolvido apenas com dinheiro, mas com planejamento.

A análise é do BID Invest, instituição do setor privado do Grupo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tratará esse tipo de questão durante a Semana da Sustentabilidade, evento que reunirá 650 participantes de 30 países de segunda a sexta-feira, no Panamá.

"Esse é um desafio, sem dúvida, mas ele também oferece a oportunidade que os países entrem cedo nesta luta por um processo de planejamento para o futuro com medidas de mitigação e adaptação porque já estamos sentindo os efeitos (da mudança climática)", disse o brasileiro Luiz Gabriel Azevedo, chefe da Divisão de Assuntos Ambientais, Sociais e Governanças do BID Invest.

Segundo Azevedo, a América Latina é uma das regiões mais expostas à mudança climática, especialmente o Caribe e os países andinos. No entanto, pode também haver consequências sobre a Amazônia.

O diretor do BID Invest citou o caso do porto de águas profundas de Posorja, no Equador, um projeto que, antes da construção, foi necessário analisar os impactos de uma eventual mudança climática para o funcionamento do local.

"A semana é uma plataforma de negócios, que gira em torno de temas de sustentabilidade ambiental, social e de governo corporativo, relacionado com a sustentabilidade econômico-financeira das empresas", ressaltou Azevedo.

Uma recente pesquisa da CDP, organização internacional sem fins lucrativos que trabalha com empresas para informar sobre os riscos trazidos pela mudança climática, indicou que 200 das maiores companhias globais já observarão os efeitos do aquecimento mundial em cinco anos, não em 100.

De acordo com as estimativas da pesquisa, essas empresas perderão US$ 1 trilhão nas próximas décadas a menos que tomem medidas proativas para se preparar.

É o que está ocorrendo, por exemplo, no canal do Panamá, que, no quinto mês de seca, registrou perdas de US$ 15 milhões devido às reduções de carga que tiveram que ser impostas aos navios que cruzam a passagem.

Azevedo também destacou o alerta da filial brasileira do Banco Santander sobre as secas, cada vez mais graves na região, que poderia afetar a capacidade de pagamento de empréstimos.

O foco da Semana de Sustentabilidade deste ano é a gestão da crise e a mediação do impacto no desenvolvimento relacionado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O evento terá painéis específicos para a agroindústria e o turismo sustentável.

Azevedo destacou outro grande desafio: a lacuna de investimento em infraestrutura na região.

"Por exemplo, meu país, o Brasil, tem uma produção de soja maior do que a dos EUA. A produtividade é altíssima, mas se perde cerca de 17% desse valor em transporte da fazenda aos portos. Quase um quinto desaparece. Com uma infraestrutura de transporte adequada, esse lucro poderia se materializar quase automaticamente", ressaltou.

"Os governos sozinhos não serão capazes de resolver isso, daí o papel essencial do setor privado para fazer parte do esforço global, fornecendo tecnologia, inovação e financiamento", completou o diretor do BID.

De acordo com Azevedo, além do poder de financiamento, o BID Invest, órgão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que trabalha com o setor privado, tem a capacidade de combinar experiências em múltiplos países.

"Os futuros desafios de desenvolvimento não se resolverão somente com dinheiro. Os fatores não financeiros são, em muitos casos, mais determinantes para o êxito dos projetos que os financeiros", concluiu. EFE