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Protesto de aeronáuticos provoca atrasos e cancelamento de voos na Argentina

05/07/2019 11h53

Buenos Aires, 5 jul (EFE).- Um protesto dos sindicatos de pilotos e tripulantes de cabine da Argentina provocou nesta sexta-feira o cancelamento ou o atraso na partida de pelo menos 40 voos em Buenos Aires.

A manifestação foi convocada pela Associação de Pilotos de Linha Aérea (Apla) e a Associação Argentina de Aeronavegantes (tripulantes de cabine), cujos filiados realizam assembleias na manhã de hoje tanto no terminal de voos domésticos e regionais de Buenos Aires como no aeroporto internacional de Ezeiza, situado fora capital e o principal da Argentina.

Devido a estas assembleias em ambos aeroportos, cerca de 40 voos foram cancelados ou sofreram atrasos em um dia de intensa atividade devido ao final de semana prolongado pelos feriados de segunda e terça-feira.

Só no caso da estatal Aerolíneas Argentinas, a medida afetava 30 voos e cerca de 5.000 passageiros, segundo detalhou a empresa em comunicado.

O sindicato de pilotos disse em comunicado que as assembleias foram convocadas devido à "crise" do mercado aerocomercial local que "se agrava dia a dia".

"Hoje, todas as companhias nacionais (estatais ou privadas) estão com seus balanços no vermelho. Hoje, os pilotos que perderam sua fonte de trabalho, não têm reinserção no país. Hoje, o sistema aerocomercial é insustentável nestas condições", afirmou o grêmio.

Nesse sentido, os pilotos questionaram a política para o setor implementada há três anos e meio pelo governo do presidente argentino, Mauricio Macri, que em outubro vai tentar a reeleição.

Essa política, que o governo denomina como "revolução dos aviões", provocou a entrada ao mercado local de várias companhias aéreas de baixo custo, o barateamento das passagens e a abertura de novas rotas domésticas, regionais e internacionais.

No entanto, o sindicato assegura que essa política está focada na quantidade de passageiros transportados, mas "está destruindo a indústria aerocomercial argentina".

O comunicado se referiu, por exemplo, à situação atravessada por algumas companhias, como a Avianca Argentina que, segundo a Apla, suspendeu suas operações e não paga os salários de seus funcionários "há meses".

A local Andes, "depois de devolver a totalidade da sua frota Boeing 737, está operando com apenas três aviões e continua com um plano de demissões voluntária com o qual já reduziu sua equipe de pilotos de 83 para 57".

O sindicato também denunciou que a estatal Aerolíneas Argentinas vai terminar 2019 com 200 pilotos a menos e desprogramou 30% da sua frota de longo alcance "como parte do apequenamento da área internacional".

Por sua vez, Alejandro Kogan, secretário adjunto do sindicato de aeronavegantes, acusou o governo de "privilegiar permanentemente empresas 'low cost' que vêm flexibilizar e precarizar os trabalhadores do setor aeronáutico, abrindo ou tentando abrir os céus para que a concorrência na Argentina seja indiscriminada".

Diante da medida de ação sindical, o ministro de Transporte argentino, Guillermo Dietrich, criticou o protesto e o vinculou a questões políticas.

"Isto afeta milhares de passageiros. Casualmente estas medidas sempre acontecem em momentos que podem complicar muita a vida das pessoas. Hoje muitos devem viajar em avião para um final de semana longo", disse o ministro em declarações à emissora de rádio "La Red".

Em seguida, Dietrich vinculou a Apla com o kirchnerismo e disse que este setor de oposição "faz política afetando os direitos das pessoas que querem viver sem problemas". EFE