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Investidores de Wall Street miram empresas da América Latina

08/07/2019 12h39

Nora Quintanilla.

Nova York, 8 jul (EFE).- Os investidores da Bolsa de Nova York (NYSE), que com uma capitalização de US$ 26 trilhões é o maior mercado do mundo, mostram agora apetite pela América Latina, de onde procede 17% das empresas cotadas de fora dos Estados Unidos.

Das 2,3 mil companhias registradas, 520 são estrangeiras e delas, 90 latino-americanas, sobretudo do Brasil, um dos três países com maior presença na Bolsa junto a Canadá e China, embora estejam sendo incorporadas empresas de México, Colômbia, Peru, Chile e Argentina, segundo explicou à Agência Efe o chefe de Mercados Internacionais da NYSE, Alex Abrahim.

"Toda a região da América Latina é muito importante", assegurou o executivo. "São algumas das empresas mais líquidas da Bolsa e há um interesse enorme dos investidores globais, que estão olhando para o crescimento da região e as ações com as quais negociam dão o poder de investir no mercado local", detalhou este especialista em processos de arrecadação de capital.

Usando como exemplo a empresa tecnológica brasileira Linx, que começou a cotar no final de junho, Ibrahim afirmou que muitas procuram Wall Street para "atrair liquidez, já que é o mercado mais profundo do mundo, e pela extrema visibilidade, que dá acesso a investidores centrados não só em um país ou uma região, mas em um setor".

"O ano passado foi muito ativo e vemos muitas firmas tecnológicas chegando ao mercado, não só do Brasil, mas de México, Argentina e Colômbia. Há firmas tecnológicas muito grandes que com o tempo poderiam necessitar obter capital. Tomara que seja conosco", destacou.

Antes da transação "extremamente bem executada" da Linx, que obteve US$ 308 milhões, em 2018 começou a cotar na bolsa outra firma tecnológica brasileira, a PagSeguro, que arrecadou US$ 2,3 bilhões, convertendo-se na mais bem-sucedida desde a Snap e entrando no top 10 da NYSE "por volume e interesse dos investidores".

"As companhias nos procuram pela liquidez, pela visibilidade e também para diversificar sua base de acionistas e têm muitas formas de vir", disse Ibrahim, já que, além de cotar na bolsa nos EUA diretamente, as firmas podem cotar em seu país e se registrar em Nova York para arrecadar capital "simultaneamente".

Em relação ao restante do ano, o executivo minimizou a importância das tensões geopolíticas, destacou que o mercado está em um ciclo de alta de dez anos e, apesar da volatilidade, "os investidores estão centrados no longo prazo".

Perguntado pela influência do conflito comercial entre EUA e China nos mercados, Ibrahim ressaltou que no caso destas empresas, muitas delas tecnológicas, não foram notados muitos efeitos porque seus produtos têm uma alta demanda em um mundo cada vez mais interconectado, em comparação com outros setores.

"Muitas tecnológicas cotadas da região, ou da China, se expandem e há muitas oportunidades para elas. Algumas me disseram que não sentiram a recessão que houve no Brasil. São plataformas tecnológicas e as companhias necessitam de tecnologia, talvez estejam um pouco isoladas, e por isso vêm ao mercado e funcionam tão bem", comentou.

"Não podemos prever o futuro neste momento, mas se olharmos para o comércio (de ações), especialmente na América Latina, milhões de dólares de capital brasileiro, mexicano, argentino e colombiano são negociados (...) há grande interesse e esperamos que siga sendo assim", acrescentou. EFE