Vice do Paraguai reconhece que deve explicar melhor acordo de Itaipu
Assunção, 26 jul (EFE).- O vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, reconheceu nesta sexta-feira que o governo do país deveria ter comunicado melhor o acordo assinado com o Brasil em maio sobre a compra anual de energia da hidrelétrica de Itaipu, que gerou uma onda de protestos da oposição.
O documento estabelecia um cronograma com a contratação de potência da usina de Itaipu até 2022, algo que não havia até o momento, já que o Paraguai informava qual seria o número a cada ano.
O acordo foi assinado pelo embaixador do Paraguai em Brasília, Hugo Saguier, e pelo secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Pedro Miguel da Costa. No entanto, o conteúdo do documento só veio a público nesta semana.
A oposição acusou o governo de falta de transparência e de entreguismo por parte do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, ao Brasil, antes das negociações do anexo C do Tratado de Itaipu, que deve ser revisado até 2023.
Velázquez foi ao Congresso do Paraguai hoje para se reunir com o presidente do Senado, Blas Llano, e explicar as negociações do acordo. O vice-presidente aproveitou a oportunidade para defender o governo, negar sigilo e que o resultado final seja prejudicial para o povo paraguaio.
A explicação de Velázquez foi que, até então, a Administração Nacional de Eletricidade (Ande) não calculava a quantidade de energia que o Paraguai usava por ano e comprava menos do que consumia.
Depois, para cobrir a diferença, recorria à "energia excedente", que era vendida a um preço mais barato que a "energia garantida" prevista no acordo.
O vice-presidente paraguaio ainda afirmou que a atuação da Ande incomodou a Eletrobras, que pediu que o país vizinho cumprisse o Tratado de Itaipu.
"Essa é a situação real e é isso que o Brasil, aparentemente, nos exigiu nesse momento, que compremos a energia que realmente precisamos e, sob essa base, vejamos os excedentes. Assim está no tratado", afirmou.
Além disso, Velázquez defendeu que o Paraguai não se vendeu ao Brasil e está rejeitando "presentes" para poder chegar às negociações do anexo C do Tratado de Itaipu em pé de igualdade com o país vizinho.
"É só uma questão de compra de energia", garantiu.
No entanto, a oposição vê o acordo como clientelismo por parte de Abdo Benítez a Jair Bolsonaro, ameaçando o presidente com o processo de impeachment. Ele também é criticado por enviado o texto para debate no Congresso.
Velázquez disse que Abdo Benítez não está preocupado com o impeachment, mas sim com as meias verdades que estão sendo divulgadas sobre o acordo. EFE
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