Déficit dos EUA sobe 8% no 1º semestre de 2019 apesar de promessas de Trump
Alfonso Fernández.
Washington, 2 ago (EFE).- O déficit no comércio internacional de bens e serviços dos Estados Unidos caiu 0,3% em junho, para US$ 55,2 bilhões, mas, no acumulado do primeiro semestre do ano, o índice fechou em alta de 7,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, um avanço que ocorre em meio à disputa comercial com a China.
Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Comércio sobre junho são superiores às previsões dos analistas, que tinham projetado que o déficit do país ficaria em US$ 54,4 bilhões no período.
As exportações americanas caíram 2,1% em junho, para US$ 206,3 bilhões, enquanto as importações recuaram 1,7%, para US$ 261,5 bilhões. A queda de ambos, segundo analistas, é um sinal tanto da desaceleração da economia dos EUA como de uma maior debilidade na demanda externa.
O déficit com a China, principal alvo das medidas protecionistas tomadas pelo presidente americano, Donald Trump, caiu 0,8% em junho, para US$ 30 bilhões. Já o saldo negativo no comércio com o México subiu para US$ 9,8 bilhões, um recorde histórico.
Os resultados de junho refletem a tendência que vem sido observada desde o início do ano. No primeiro trimestre, o déficit dos EUA com o México é 34% superior ao mesmo período de 2018. Já com a China, o saldo negativo caiu 10%.
Os números do Departamento de Comércio foram divulgados um dia depois de Trump abrir um novo capítulo na guerra comercial com a China. Ontem, o presidente americano anunciou no Twitter que vai taxar em 10% cerca de US$ 300 bilhões em produtos chineses a partir de 1º de setembro.
A redução do enorme déficit americano foi uma das principais promessas de Trump na campanha eleitoral de 2016, mas, após dois anos no cargo, o presidente não conseguiu reduzir o desequilíbrio na balança comercial do país.
Trump diz que o déficit é causado pelo tratamento injusto que outros países reservam aos americanos. E, apesar das promessas, os EUA fecharam 2018 com o maior desequilíbrio na balança comercial desde 2008, ano da última grande crise econômica mundial.
Os economistas, porém, não consideram que a balança comercial seja um indicador significativo da saúde econômica do país. Pelo contrário, no caso dos EUA, o déficit normalmente sobe em épocas de bonança, com o crescimento do apetite dos americanos pelas importações.
A disputa entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, tem consequências globais e ambos os países têm registrado uma desaceleração econômica nos últimos meses, em parte provocada pelo protecionismo de Trump.
O ritmo de crescimento da economia americana caiu no segundo trimestre, de acordo com dados oficiais ainda preliminares, para 2,1%. No início do ano, a taxa chegou a 3,1%.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou a previsão do crescimento econômico mundial para 3,2% neste ano, um décimo a menos do que a projeção divulgada em abril, como consequência das "tensões comerciais" entre americanos e chineses.
A magnitude da guerra comercial foi um dos argumentos usados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para reduzir as taxas de juros no país nesta semana, agora entre 2% e 2,25%, o primeiro corte em mais de uma década.
"(O corte) tem a intenção de atuar como um seguro contra os riscos de um crescimento global frágil e de uma incerteza nas políticas comerciais, ajudar a compensar os efeitos que estes fatores estão tendo sobre a economia e a promover um retorno mais rápido da inflação à meta de 2%", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, ao explicar a decisão. EFE
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