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Trump deixa cúpula do G7 com vitória em guerra comercial com a China

26/08/2019 15h42

Rafael Cañas.

Biarritz (França), 26 ago (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixa a cúpula do G7 nesta segunda-feira com uma vitória particular na guerra comercial com a China.

Depois de ver Trump incendiar as relações bilaterais na sexta-feira, ao anunciar que a aplicação de novas tarifas sobre os produtos importados chineses e ameaçar a retirada de empresas americanas do país, o governo de Xi Jinping recuou e pediu o reinício das negociações de alto nível para solucionar a crise.

O recuo veio acompanhado de uma mensagem de paz. O vice-primeiro-ministro da China, Liu He, responsável pelas negociações, disse que seu país "se opõe firmemente a uma intensificação da guerra comercial" e que prefere ter um diálogo tranquilo com os EUA.

Embora tenha voltado a atacar as práticas da China no comércio internacional durante a cúpula do G7 em Biarritz, na França, Trump fez um aceno a Xi, chamado na sexta-feira de "um dos principais inimigos dos EUA", ao dizer que o presidente chinês é um "grande líder.

Trump também afirmou que as conversas pedidas pela China podem começar muito em breve, mesmo se não houver qualquer garantia de que os dois países chegarão a um acordo para solucionar a guerra que se arrasta há quase um ano e meio.

O presidente americano não descartou adiar ou suspender as tarifas anunciadas contra os produtos chineses. Para Trump, a China quer voltar à mesa de negociação porque as ações da Casa Branca geraram a "perda de muitos empregos". Segundo ele, Xi quer uma "solução sensata", mas os EUA estão em uma "posição forte" para conseguir um acordo justo.

Apesar de a Casa Branca considerar a mensagem da China como uma vitória, Trump recebeu uma advertência do presidente da França, Emmanuel Macron, que chefiou a cúpula do G7: o acordo firmado entre os dois países deve ser "equilibrado para todos".

"Nós estaremos atentos para proteger os interesses de todo o mundo", disse Macron em nome daqueles que temem que China e EUA incluam exclusividades no acordo.

Os países-membros do G7 reconheceram que a China adotou práticas reprováveis, como a falta de respeito com a propriedade intelectual. E constatou que a Organização Mundial de Comércio (OMC) não foi eficaz em eliminar as barreiras colocadas por Pequim.

Macron avaliou que Trump se mostrou favorável a um acordo com a China e disse que o objetivo das negociações é garantir que as regras do comércio internacional sejam cumpridas.

A presidência do G7 passa agora para os EUA. Trump organizará a cúpula do grupo dos países mais ricos do mundo poucos meses antes de tentar a reeleição nas eleições presidenciais de outubro de 2020.

O principal desejo de Trump para o evento é o retorno da Rússia, expulsa do então G8 em 2014 após a anexação ilegal da Crimeia, região que pertence à Ucrânia.

"Acho que é melhor ter a Rússia dentro da barraca do que fora", disse Trump em entrevista coletiva. Macron discordou e resumiu a posição de outros integrantes do grupo. "Enquanto a situação na Ucrânia não se solucionar, não é o momento de oficializar o retorno", afirmou.

Trump defendeu abertamente realizar a cúpula de 2020 em um local que pertence a ele nos arredores de Miami, o Doral Trump National Miami Golf Resort, que, segundo ele, é um "local magnífico".

Perguntado se a escolha não representa um problema ético, já que o uso de sua propriedade poderia gerar lucros econômicos a ele, Trump disse que não ganharia um centavo se a cúpula for realizada no resort, mas não deu mais detalhes sobre o caso. EFE