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Prejuízos crescem no Equador com sequência de protestos contra o governo

11/10/2019 19h23

Fernando Gimeno.

Quito, 11 out (EFE).- O Equador registra prejuízos milionários devido aos protestos pelo fim dos subsídios sobre a compra de combustíveis, uma medida anunciada pelo presidente do país, Lenín Moreno, que irritou parte da população que foi exigir a volta do benefício.

Os bloqueios em estradas afetam o transporte de mercadorias, a greve parcial decretada por algumas categorias paralisou oleodutos e as cenas de violência nas manifestações afastaram os turistas de Quito e outras importantes regiões do país.

A Câmara de Comércio de Guayaquil, considerada a capital financeira do Equador, calculou no início da semana que o prejuízo para o setor produtivo nacional era superior a R$ 1 bilhão, valor que poderia crescer caso os protestos não sejam interrompidos.

CIDADES ISOLADAS

Na floricultura, as perdas já chegam a R$ 123 milhões. E a Associação Nacional de Produtores e Exportadores de Flores (Expoflores) alerta que, se as atividade econômica do país não for normalizada, o prejuízo do setor pode subir para R$ 1,02 bilhão.

Os bloqueios em diferentes pontos do país também afetam a indústria de latícinios, que já perdeu R$ 15 milhões desde o início da crise. A cada dia de protestos, o segmento deixa de processar 5 milhões de litros de leite, o que afeta 1,5 milhão de pessoas.

Para aliviar a pressão, o governo transferiu nesta sexta-feira 8 toneladas de produtos de primeira necessidade e remédios a cidades que estão isoladas. O transporte foi feito por aviões das Forças Armadas e em comboios protegidos por militares.

OLEODUTOS PARALISADOS

Dois dos principais oleodutos do país estão sem funcionar desde a quarta-feira por decisão do Ministério de Energia, que tomou a medida após a produção da Petroamazonas cair quase 30% devido aos protestos. Com isso, 232 mil barris deixaram de ser produzidos diariamente, o que representa um prejuízo de R$ 52,6 milhões.

Além disso, a Petroamazonas informou que a demanda por combustíveis no país caiu 30% desde o último dia 3 de outubro, uma consequência dos bloqueios nas estradas. Isso representa uma perda diária de R$ 13,9 milhões para a empresa todos os dias.

A Agência de Regulação e Controle Hidrocarbonífero (Arch) informou ontem que existem problemas de falta de combustível em pelo menos seis províncias do país.

CENTRO HISTÓRICO DESTRUÍDO

As autoridades ainda calculam os danos causados pelos protestos registrados no centro colonial de Quito, declarado como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco em 1978.

Na quarta-feira, um grupo de manifestantes tentou chegar ao Palácio de Carondelet, sede do governo. Segundo o diretor do Instituto Metropolitano de Patrimônio (IMP), Raúl Codena, o valor do prejuízo chega a R$ 820 mil.

Quem levou a pior foi o Monastério del Carmen Bajo, construído em 1745. As pedras de mais de 300 anos de idade foram arrancadas da estrutura do prédio para serem jogadas pelos manifestantes contra as forças de segurança.

"É um dos locais mais emblemáticos da cidade. Há danos irreparáveis na sacristia. É lamentável", disse Codena, que projeta um prazo mínimo de cinco meses para restaurar o centro histórico de Quito após o fim dos protestos.

TURISTAS DESISTEM DE VIAGENS

O clima de tensão e violência também afetou o setor do turismo. Várias reservas foram canceladas no fim de semana em Guayaquil, que comemorava 199 anos de sua independência. As perdas, segundo representantes do setor, chegam a R$ 41,1 milhões.

Os cancelamentos também afetaram as ilhas Galápagos, principal atração turística do Equador, apesar de todos os serviços estarem funcionando normalmente na região. EFE