Boeing diz a investigadores que implementou mudanças após acidentes
Nova York, 25 out (EFE).- A Boeing reconheceu nesta sexta-feira o trabalho dos investigadores da Indonésia que classificou como determinantes para o acidente do avião 737 MAX 8, em outubro de 2018, as falhas no projeto e no processo de certificação, e garantiu que fez "mudanças" no software para que "nunca volte a acontecer" um incidente similar.
O diretor executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, reagiu em comunicado ao relatório final da Comissão Nacional de Segurança do Transporte da Indonésia (KNKT) e afirmou que "o 737 MAX e o seu software estão experimentando no mundo todo um nível sem precedentes de supervisão, teste e análise reguladora em nível mundial".
Entre as mudanças, Muilenburg declarou que o "aspecto mais importante" é a reconfiguração do modo "em que os sensores do ângulo de ataque (AoA) interagem com o software de controle de voo (MCAS), que evitarão que voltem acontecer as condições" nas quais ocorreu o acidente, que deixou 189 mortos.
A empresa explicou que, no futuro, o MCAS "comparará a informação de ambos sensores AoA antes de ser ativado, o que acrescenta um nível de proteção adicional".
Além disso, o software só será ativado se ambos os sensores "emitirem os mesmos dados, se ativará só uma vez em resposta a dados AoA errôneos, e estará sempre sujeito a um limite máximo que pode ser anulado com a torre de controle".
As autoridades indonésias divulgaram nesta sexta-feira o relatório sobre o acidente do voo 610 da Lion Air e explicaram que a "Boeing assumiu que a dependência do MCAS em um só sensor era suficiente para cumprir os requisitos de certificação", mas que o sistema era "vulnerável".
O relatório concluiu que a Administração Federal de Aviação (FAA), órgão americano que deu o sinal verde para o projeto dos 737 Max e o sistema automático MCAS, baseou a sua decisão em suposições equivocadas.
As falhas no projeto foram agravadas pela falta de informação dos pilotos sobre o sistema de controle de voo e os erros na manutenção da aeronave por parte da Lion Air, segundo o relatório.
Na reação, Boeing disse levar em conta essa informação e reiterou que desde o acidente o avião tem sido submetido a "centenas de sessões de simulador e voos de teste, análises de milhares de documentos, revisões por parte de reguladores e especialistas independentes e amplos requisitos em matéria de certificação".
A Boeing informou que está atualizando os manuais da tripulação e a formação dos pilotos, e que "segue trabalhando" com a FAA e os órgãos reguladores internacionais para certificar a melhoria do software e o programa de formação, o que permitirá levar os aviões ao espaço aéreo com segurança.
Em março deste ano ocorreu um segundo acidente com o mesmo modelo de avião na Etiópia, no qual morreram 157 pessoas. A tragédia inseriu a Boeing em uma crise histórica que resultou na proibição de voos dos 737 MAX e no congelamento das entregas.
O diretor executivo da Boeing voltou a expressar nesta sexta-feira o "sincero pêsame" às vítimas do acidente e à Lion Air. Segundo Muilenburg, a companhia aérea indonésia tem uma "relação duradoura" com a empresa, motivo pelo qual deixou claro que espera que ambas "continuem trabalhando juntas no futuro". EFE
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