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Empresas da Espanha estão com apetite para investir no Brasil, diz secretária

12/12/2019 18h33

Rio de Janeiro, 12 dez (EFE).- A secretária de Estado de Comércio da Espanha, Xiana Méndez, afirmou nesta quinta-feira, ao término de uma visita de três dias ao Brasil, que as empresas espanholas estão com apetite para investir no país e aproveitar as oportunidades de negócios que estão surgindo.

"Tenho a impressão de que as empresas espanholas estão com muito apetite para investir agora no Brasil", afirmou Méndez em entrevista à Agência Efe, ao fazer um balanço das reuniões que participou com integrantes do governo federal e executivos de filiais de companhias do país no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Segundo a secretária espanhola, a percepção é que as empresas já presentes no Brasil estão interessadas em ampliar os investimentos e em participar de novos leilões de concessão no país, principalmente nos setores de infraestrutura, telecomunicações e energia.

"E as empresas que já tiveram uma experiência pontual ou não conhecem bem o mercado brasileiro têm o mesmo apetite porque sabem que algo está se movendo", disse Méndez depois de participar no Rio do Encontro Empresarial Brasil-Espanha.

"O interesse é claro se vermos que há 40 empresas espanholas aqui. Raramente um encontro empresarial geograficamente tão distante tem uma presença como a de hoje", completou a secretária.

Méndez explicou que o grande interesse foi motivado por diferentes fatores, entre os quais se destacam as oportunidades que se abrem com a futura entrada em vigor do acordo de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul.

Outro elemento é a vontade do governo de Jair Bolsonaro de ser admitido como membro da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que obrigará o país a adaptar normas e regulamentos aos padrões do órgão.

O processo de recuperação da economia brasileira depois de uma das recessões mais profundas da história do país e as reformas iniciadas pelo governo federal também elevaram o interesse das empresas espanholas no Brasil, segundo a secretária.

"A conclusão é de otimista. Temos a impressão que neste último trimestre, depois do sucesso rotundo da aprovação da reforma da previdência, há um ponto de inflexão que parece que a economia começa a ganhar dinamismo", explicou Méndez.

"Nos ofereceram todo o tipo de informação e nossa responsabilidade é transmitir isso às empresas para que elas também fiquem animadas e decidam considerar o mercado brasileiro a identificar oportunidades e buscar sócios", acrescentou a secretária espanhola.

Sobre as restrições de alguns países europeus em ratificar o acordo entre UE e Mercosul pela oposição às políticas ambientais de Bolsonaro, Méndez afirmou que, na verdade, o pacto é necessário para que o Brasil se comprometa com a proteção do meio ambiente.

"É importante que o acordo comercial entre em vigor para que funcione como uma ferramenta de pressão. O acordo, apesar de ter natureza comercial, tem capítulos relativos ao desenvolvimento sustentável que incentivam um maior cumprimento dos padrões de proteção ambiental e social", explicou a representante do governo da Espanha.

Para Méndez, o Brasil terá que cumprir as cláusulas ambientais do pacto firmado com o bloco europeu para não sofrer as consequências.

"A conclusão é muito clara: a alternativa é pior. Não ratificar o acordo comercial que tem um capítulo de desenvolvimento sustentável tão ambicioso não nos coloca em uma posição melhor para que o Brasil cumpra o Acordo de Paris. É importante que o acordo comercial seja ratificado para haver um instrumento adicional ao Acordo de Paris, já que ele não prevê sanções", ressaltou.

A secretária de Comércio da Espanha também descartou qualquer retrocesso no acordo devido à chegada de Alberto Fernández ao poder na Argentina.

"Sou otimista e estou tranquila porque vimos como os negociadores argentinos se esforçaram para encerrar as negociações. O governo novo disse estar satisfeito com o acordo, mas, por ser algo tão importante, precisa de tempo para conhecê-lo melhor. Isso é normal, eles estão chegando e precisam de tempo para se inteirar", concluiu. EFE