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Países produtores de petróleo se mobilizam para segurar queda de preço

03/02/2020 20h08

Viena/Londres, 3 fev (EFE).- Os grandes produtores de petróleo, com a Opep à frente, começam a se mobilizar diante da contínua queda nos preços da matéria-prima devido ao temor com a disseminação do coronavírus surgido na China, uma crise de saúde que ameaça reduzir significativamente a demanda por produtos manufaturados.

Os preços dos barris do Brent e do Texas - os de referência em Europa e Estados Unidos - caíram hoje 5% e quase 2%, respectivamente, níveis mais baixos desde janeiro de 2019, o que levou a Arábia Saudita a cogitar um corte na produção que, de acordo com fontes da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), pode chegar a meio milhão de barris por dia.

Representantes da organização e de outros grandes países produtores, como a Rússia, devem se reunir amanhã e na quarta-feira em Viena para avaliar o impacto da epidemia no mercado petrolífero.

O Comitê de Supervisão Ministerial Conjunto, composto por três membros da Opep e representantes de dois outros países produtores, analisará a situação e provavelmente chegará a um acordo sobre uma recomendação que levará à próxima reunião ministerial da chamada Opep+.

Essa reunião, envolvendo todos os 13 membros da Opep e outros dez países produtores, está prevista para os dias 5 e 6 de março.

Em dezembro, para manter os preços, esses 23 países concordaram com um corte adicional na produção, de 1,2 milhão para 1,7 milhão de barris por dia, no primeiro trimestre de 2020.

De acordo com fontes da Opep citadas pela Agência Efe, a Arábia Saudita está pressionando para realizar uma redução drástica e de curto prazo na produção, a fim de combater o efeito do coronavírus na demanda por petróleo.

Ainda segundo essas fontes, um dos cenários considerados é que a Arábia Saudita vai liderar uma redução coletiva de 500 mil barris por dia até que a crise seja superada.

"Se a China paralisar suas atividades, logicamente haverá uma queda na demanda por petróleo, e ela automaticamente influenciará os mercados futuros de petróleo", disse Juan Carlos Higueras, analista econômico e professor da EAE Business School.

A Fitch Ratings teme que a crise do coronavírus provoque uma superprodução no mercado de petróleo, embora considere difícil estimar o impacto do surto na demanda, pois dependerá de uma combinação de fatores, incluindo uma redução no transporte aéreo, nas viagens rodoviárias e atividade manufatureira.

"O impacto no consumo de derivados de petróleo na China dependerá da velocidade com que o transporte e a atividade industrial retornarem ao normal", diz Fitch.

Até agora, as empresas petrolíferas chinesas já começaram a reduzir o volume de petróleo bruto processados em suas refinarias, o que, segundo a Fitch, poderia reduzir suas margens devido ao uso reduzido das instalações.

Para Gilles Moëc, gerente de fundos da Axa Investment Managers, a crise do coronavírus até agora está afetando principalmente o consumo interno na China, "o que deverá reduzir os efeitos colaterais no resto do mundo".

No entanto, Moëc destacou que, "se a crise não for controlada rapidamente, serão as atividades de produção e investimento que serão afetadas, com profundas ramificações para a produção mundial".

Os analistas do Citigroup citados pela Efe dizem que os efeitos do coronavírus devem afetar os preços do petróleo nos três primeiros trimestres de 2020. Segundo seus cálculos, o preço do Brent deve ficar entre US$ 50 e US$ 54 por barril nos primeiros nove meses e subirá para US$ 58 no quarto trimestre.

Quanto ao barril do Texas, o Citigroup acredita que será negociado de US$ 46 a US$ 50 nos três primeiros trimestres deste ano.