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Argentina prepara nova oferta de swap perto do fim do prazo de negociação

12/06/2020 19h01

Buenos Aires, 11 jun (EFE).- A Argentina está finalizando os detalhes da nova oferta de swap que apresentará para reestruturar US$ 66,238 bilhões de sua dívida sob legislação estrangeira, no âmbito de uma negociação com poderosos grupos de credores e cujo prazo para quitação, que já havia sido prorrogado para esta sexta-feira, deverá ser adiado novamente.

A primeira proposta de swap apresentada pela Argentina - que há dois anos encara uma forte recessão - foi formalizada em 22 de abril à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), mas não obteve o apoio necessário entre os credores, e depois disso as conversas foram prorrogadas três vezes.

"É claro que a Argentina quer encontrar um acordo com os credores. É claro que os credores não aceitaram a nossa oferta, é claro que a Argentina vai melhorar a sua oferta, tendo em conta o que os credores disseram durante esse tempo", disse ontem o presidente do país, Alberto Fernandez.

QUARTO ADIAMENTO.

A primeira e fracassada proposta feita pelo governo argentino era de que o país começaria a pagar a dívida a ser reestruturada em 2023, oferecendo um desconto de 5,4% sobre o principal e uma redução de 62% nos juros.

Há duas semanas, após não ter conseguido a adesão mínima necessária, e insistindo na vontade de chegar a um acordo, o Ministério da Economia relatou uma ligeira melhora nessa oferta, que reduziu o período de carência para dois anos, manteve taxas de juros semelhantes para os novos títulos e encurtou ligeiramente a duração dos novos títulos permutados.

Mas as negociações continuaram, dois dos três maiores grupos de credores apresentaram uma contraproposta que o governo argentino não aprovou, e, agora, como o terceiro prazo para um acordo está prestes a expirar, o governo confirmou que melhorará sua proposta, o que abrirá um novo prazo para que os investidores decidam aderir.

"A oferta que vamos fazer não vai colocar em risco a sustentabilidade da dívida ou da economia argentina", disse ontem Fernández.

Desde que chegou ao poder, em dezembro de 2019, após vencer as eleições contra o então mandatário, Mauricio Macri, ele reiterou que seu governo quer quitar as obrigações, mas sem fazer ajustes que prejudicariam uma sociedade já marcada por altos níveis de pobreza.

Em relação a quanto tempo a nova fase das conversas pode durar, Fernandez disse que "mais dez dias... ou mais, não sei, estamos em negociação".

Ele lembrou que, quando era chefe de gabinete do ex-presidente Néstor Kirchner e teve que lidar com outra reestruturação de dívida, a primeira oferta foi anunciada em janeiro de 2005, e o processo foi encerrado em dezembro.

NOVAMENTE EM DEFAULT.

Em meio à incerteza devido à má situação econômica em que o país está mergulhado e que sem dúvida vai piorar devido aos efeitos da pandemia do novo coronavírus, em 22 de maio a Argentina entrou em um 'default' suave, após não ter pagado US$ 503 milhões em juros sobre três dos títulos em negociação.

O objetivo é, portanto, fechar um acordo para neutralizar essa "inadimplência seletiva" - assim chamada porque, por enquanto, só afeta esses títulos, e não o restante da dívida pública argentina, que chega a US$ 320 bilhões - e evitar um cenário como a crise de 2001, ano em que o país entrou em uma moratória da qual não saiu completamente até 2016.

Em sua nova cruzada contra a dívida, a Argentina aparentemente tem o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), que na semana passada emitiu um comunicado dizendo que há "uma margem limitada" para o país melhorar a oferta aos credores.

Entretanto, a Argentina também continua endividada em relação ao próprio FMI, que em 2018, a pedido do governo Macri, aprovou um pacote de ajuda de US$ 56,3 bilhões, dos quais o país recebeu cerca de US$ 44 bilhões.

A equipe econômica de Fernández, liderada pelo ministro Martín Guzmán, está em constante contato com as autoridades do FMI, mas as negociações para o reescalonamento do pagamento do empréstimo ainda estão em fase inicial.