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Prévia do PIB argentino mostra recuperação em maio de 10% em relação a abril

Coronavírus; economia; queda; covid-19 -  Andriy Onufriyenko/Getty Images
Coronavírus; economia; queda; covid-19 Imagem: Andriy Onufriyenko/Getty Images

23/07/2020 02h43

A atividade econômica na Argentina registrou em maio uma queda de 20,6% na comparação com o mesmo mês em 2019, um percentual que, embora alto, ficou abaixo dos 26,3% registrados no cálculo equivalente em abril, quando foram mais sentidos os efeitos das medidas de isolamento social adotadas pelo governo para conter o avanço do novo coronavírus.

Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos do país (Indec) e que servem de prévia para a variação trimestral do Produto Interno Bruto (PIB) mostram também um crescimento de 10% da economia em relação ao mês anterior, refletindo a reabertura de fábricas e estabelecimentos comerciais e a flexibilização de quarentenas.

"A maioria dos distritos do país adotou um relaxamento de algumas restrições de circulação, permitindo também a abertura de alguns comércios e indústrias durante o mês de maio, medidas que certamente ajudaram a fazer com que o colapso da atividade fosse mais moderado do que o observado em abril. A atividade econômica, porém, continua enfraquecida", informou a empresa de consultoria Orlando Ferreres & Asociados em comunicado.

Com o novo tombo da economia em maio, o PIB argentino completou dez meses seguidos de retração, sendo o último aumento, de 0,4%, registrado em julho de 2019.

Além disso, nos primeiros cinco meses de 2020, o indicador acumulou queda de 13,2%.

Setores mais afetados

O relatório da Indec revela que 14 dos 15 setores produtivos incluídos na medição apresentaram quedas em maio na comparação com o mesmo mês no ano passado.

De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira, os setores mais afetados foram os de construção (-62,2%), indústria (-25,7%), comércio (-20,9%), mineração (-20,3%) e agricultura (-10,7%). O único que registrou melhora foi o de pesca, com aumento de 61,5%.

Apesar da queda generalizada, o relatório oficial ressalta que 12 dos 15 setores mensurados conseguiram atenuar em maio o patamar de baixa, "o que reflete em parte a recuperação" em comparação com abril, devido "fundamentalmente a uma maior flexibilização das restrições de circulação, especialmente nas províncias menos afetadas pela Covid-19".

Perspectivas negativas

A economia argentina está em recessão há dois anos, com o PIB em queda de 2,5% em 2018 e de 2,2% em 2019, mas os efeitos da pandemia agravaram a situação.

Os especialistas consultados mensalmente pelo Banco Central argentino para o relatório do Indec acreditam que a economia do país sul-americano cairá 12%, ultrapassando a histórica queda de 10,9% registrada em 2002.

Sobre as perspectivas, a consultora Orlando Ferreres comentou que a pandemia é "apenas o mais urgente dos problemas" que afetam a economia argentina e que, embora o país vá superar a crise de saúde, "o estado frágil da macroeconomia ameaçará os esforços de recuperação" do PIB.

"A aceleração do déficit primário financiado através da emissão de títulos pelo Banco Central, dada a ausência de outras fontes de financiamento, ameaça uma aceleração da inflação e uma maior pressão sobre o preço da nossa moeda", analisou a empresa.

Segundo o relatório, é preciso lembrar que há "uma paralisia virtual nos investimentos e uma população com renda muito baixa, o que permite prever uma lenta saída da atual recessão".