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Espanha nega 2ª onda de Covid-19 e destaca medidas para conter novos surtos

28/07/2020 18h51

Madri, 28 jul (EFE).- O governo da Espanha negou nesta terça-feira que o país esteja vivendo uma segunda onda de contágios do coronavírus SARS-CoV-2 e expressou confiança no sucesso das medidas adotadas para conter a propagação da pandemia de Covid-19.

Enquanto o país lida com cerca de 360 surtos da doença com mais de 4 mil casos associados, o governo espanhol continua tentando reverter a quarentena imposta pelo Reino Unido e outras recomendações de não viajar a Espanha, que estão impactando gravemente o setor turístico.

"Não podemos falar de uma segunda onda generalizada em nosso país, que não existe. Ha surtos", afirmou claramente o ministro da Saúde, Salvador Illa, em entrevista coletiva após reunião do Conselho de Ministros.

O governo espanhol tenta convencer o britânico a anular a decisão - tomada no sábado passado - de impor uma quarentena de 14 dias a quem chegar da Espanha ou, ao menos, suavizá-la para as ilhas Baleares e Canárias, destinos muito procurados por turistas.

A ministra das Relações Exteriores da Espanha, Arancha González Laya, ressaltou nesta terça-feira que as taxas de Covid-19 nas ilhas Canárias e Baleares estão "muito abaixo" das do Reino Unido, motivo pelo qual pediu para que o governo britânico estabeleça restrições com base em critérios epidemiológicos.

Outros países europeus (entre eles Alemanha, França, Noruega e Holanda) desaconselharam viahens às regiões espanholas mais afetadas pelos últimos surtos.

"A Espanha é um lugar para onde se pode vir com absoluta segurança, com total confiança", destacou a ministra da Fazenda, María Jesús Montero.

O ministro da Saúde disse acreditar que as novas medidas, especialmente em Aragão e na Catalunha, em breve colocarão a taxa de contágios sob controle.

Illa pediu para que a população siga as novas regras restritivas, especialmente as relativas às reuniões de grupo e à vida noturna. Também recomendou a melhora das condições dos trabalhadores temporários no setor agrícola, no qual também se originaram alguns dos maiores surtos.

MADRI ANUNCIA "CARTILHAS COVID-19"

A região de Madri anunciou nesta terça-feira a criação das chamadas "cartilhas Covid-19", uma espécie de passaporte de saúde que identificará os cidadãos que já tiveram a doença e tenham anticorpos ou que foram submetidos a um exame de PCR.

A ideia gerou críticas pela duvidosa eficácia no combate à pandemia e pelo possível efeito negativo na privacidade dos cidadãos.

Madri também aprovou a utilização obrigatória da máscara em espaços públicos. Praticamente todas as regiões espanholas - exceto as Ilhas Canárias - já implementaram a medida.

A Catalunha se juntou hoje a outras comunidades na proibição de grupos que consomem bebidas alcoólicas em ruas e parques, prática conhecida como "botellón" e que será punida com multas entre 3 mil e 15 mil euros.

Os "botellones" foram proibidos na segunda-feira passada na Andaluzia, a região mais populosa do país, onde foi anunciado nesta terça-feira que todos os estabelecimentos noturnos deverão ter um sistema de identificação de clientes, a fim de realizar um "rastreamento mais eficaz" caso seja registrado um caso de Covid-19.

O governo regional da Andaluzia também anunciou outras restrições de capacidade em restaurantes e bares noturnos.

GRAVES PREJUÍZOS PARA A ECONOMIA.

Os prejuízos sofridos pelo turismo, o principal setor da economia espanhola e que representa mais de 12% do produto interno bruto (PIB) nacional, se somam aos anteriormente causados pela pior fase da pandemia.

A crise sanitária causou o fim de 1,07 milhão de empregos durante o segundo trimestre, quando houve o confinamento da maioria da população e a paralisação de grande parte da atividade econômica, de acordo com a Pesquisa de População Ativa publicada nesta terça-feira.

Trata-se de um número sem precedentes desde 1864, quando esta estatística começou a ser compilada. A taxa representa 15,33% de desemprego, níveis de dois anos atrás.

Apesar dos números negativos, a terceira vice-presidente e ministra da Economia, Nadia Calviño, enfatizou que as medidas tomadas pelo governo evitaram "um cenário perturbador" que poderia ter posto em risco mais três milhões de empregos.