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França exige que redes sociais atuem para combater discurso de ódio on-line

20/10/2020 17h32

Paris, 20 out (EFE).- O governo da França quer que as redes sociais levem mais a sério a luta para conter as mensagens de ódio que circulam em suas plataformas, pois considera que elas tiveram um papel relevante no ataque jihadista da última sexta-feira, que culminou com o assassinado do professor Samuel Paty.

A ministra da Cidadania, Marlène Schiappa, disse nesta terça-feira que "as redes sociais por enquanto não levaram a sério, até agora, o que está acontecendo com o discurso de ódio on-line", em entrevista à emissora "RTL", pouco antes de uma reunião em que recebeu os responsáveis por algumas dessas redes na França, como Twitter, Facebook e Snapchat.

"Não posso aceitar que existam crianças que encontrem vídeos de apedrejamento, decapitação, com fotos horríveis e que sejam doutrinadas. As redes sociais devem assumir sua responsabilidade", frisou.

Schiappa lembrou que as autoridades públicas desenvolveram a plataforma Pharos para denunciar conteúdos ilegais on-line, que desde o início do ano removeu "mais de 3 mil conteúdos" e cancelou as referências de 1 mil sites da Internet.

"Queremos que haja o mesmo nível de mobilização nas redes sociais", acrescentou.

Por seu lado, o ministro da Justiça francês, Éric Dupont-Moretti, salientou que é necessária uma ação a nível europeu, pois a legislação em vigor sobre conteúdos on-line se baseia numa diretiva sobre o comércio eletrônico de 2000, quando "as redes sociais não eram o que são agora".

Em entrevista ao jornal "Le Parisien", Dupont-Moretti defendeu a rápida adoção pelo Parlamento Europeu do texto ali discutido sobre a remoção de conteúdos terroristas on-line.

Mas, além disso, quer reunir os ministros da Justiça para regulamentar as redes sociais "quando elas permitirem o discurso do ódio".

A nível nacional, afirmou, que a repressão vai aumentar, lembrando que, atualmente, a divulgação de vídeos ilegais é punível com até cinco anos de prisão e 75 mil euros de multa.

Cerca de 15 pessoas estão sendo interrogadas pela polícia para determinar seu possível envolvimento no ataque em que Paty, de 47 anos, foi decapitado, incluindo o pai de um estudante que lançou uma campanha on-line contra o professor de história, em particular com um vídeo polêmico.

O pai censurou o professor, que postou vários elementos de sua identidade nas redes sociais, por mostrar a seus alunos as polêmicas caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão e exigiu sua punição.