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Argentina, Chile e Uruguai se unem para atrair investimentos

18/11/2020 12h46

Federico Anfitti, Montevidéu, 17 nov (EFE).- A pandemia de Covid-19 gerou uma crise econômica global, mas também despertou a criatividade de países como Argentina, Chile e Uruguai, que se uniram forças para organizar o Fórum de Investimentos do Cone Sul (FICS), um evento virtual que buscará atrair investimentos, tendo como foco principal startups.

A ideia principal é mostrar nos dias 24 e 25 de novembro os pontos fortes e atrativos do Cone Sul, região ainda pouco conhecida pelas principais potências mundiais, e que tem muito a oferecer em diferentes áreas, tanto pela infraestrutura, quanto pelo capital humano e pelos benefícios que os Estados dão aos investidores.

Antes, o evento era organizado apenas pela Associação Argentina de Capital Privado, Empreendedor e Semente (Arcap), mas, em 2020, a agência responsável pela promoção de exportações, investimentos e imagem país Uruguai XXI e a Chilean Venture Capital Association, decidiram se juntar à iniciativa.

Nesse sentido, o presidente da Arcap, Alejandro Sorgentini, explicou à Agência Efe que, embora a sua associação tenha, historicamente, um relações mais forte com países como Colômbia, Brasil ou México, a ideia de se unir a Uruguai e Chile "pareceu oportuna" neste momento em que o mundo enfrenta uma grande crise econômica e sanitária causada pelo novo coronavírus e tem como objetivo mostrar o "entrosamento" do Cone Sul.

"Acho que será mais atratativo desta forma agora em que os mercados emergentes apresentam menos atributos (...) Geralmente, os grandes investidores não vêem os países, eles vêem as regiões. Quando um investidor de um país desenvolvido decide procurar investimentos no exterior, ele olha para a América Latina, para o Leste Europeu, para a Ásia", acrescentou o argentino.

TRÊS PAÍSES, UM OBJETIVO.

Chile e Uruguai são dois países com mercados menores que a Argentina, que, no entanto, vive uma situação econômica difícil, motivo pelo qual a aliança é tão importante para as três partes envolvidas.

O especialista em promoção de investimentos da Uruguai XXI, Martín Benítez, disse à Efe que os três países estão "delineando este ecossistema de investidores e empresários".

"Existem elementos naturais entre os três países, como algum investimento agrícola, algum projeto de energia, que pode ser regional. Há também muitos investimentos ou projetos que podem ser complementados com pessoas de um lugar, recursos e talentos de outros", detalhou o especialista.

Já o gerente de Investimentos e Pós-Investimentos da Uruguai XXI, Alejandro Ferrari, argumentou que, para seu país, eventos como o FICS são "muito relevantes", já que podem gerar "mais senso crítico" para que os investidores descubram os atrativos regionais.

Para ele, a pandemia ajudou o capital de risco a se desenvolver e as oportunidades para empresas de base tecnológica aumentaram, já que os investidores se interessaram mais por esse setor.

No entanto, "o Uruguai, como os demais países da região, tem um longo caminho a percorrer em termos de acesso ao capital de empresas e, principalmente, de geração de novos projetos", de acordo com Ferrari.

O presidente da Associação Chilena de Venture Capital, Andrés Meirovich, por sua vez, contou à Efe que o FICS 2020 é resultado da aliança entre um grupo de países "ávidos" e com muito potencial, principalmente no nicho de start-ups.

"(Os três países) apresentam muitas vantagens em termos de ofertas de dinheiro, impostos, apoios governamentais, por isso é uma boa região para se investir", afirmou o chileno, que também lembrou que, muitas vezes, os investidores europeus ou americanos, público-alvo do fórum, desconhecem o que se passa no Cone Sul.

"A América Latina tem duas vantagens: preço, que é muito mais barato, e incentivos dos governos, o que é incrível", enfatizou o chileno.

Além do espaço de intercâmbio entre acionistas, para discutir e mostrar projetos, o FICS também oferecerá palestras virtuais - que serão transmitidas ao vivo em espanhol e em inglês - com especialistas que falarão sobre tendências de investimentos e apresentarão uma visão global do setor.

Entre os palestrantes principais estão o israelense Yigal Erlich, considerado um dos pais da indústria de capital de risco de Israel, e o americano Saul Singer, autor do livro "Start-up Nation: The Story of Israel's Economic Miracle" (Nação Start-up: A História do Milagre Econômico de Israel, em tradução livre), publicado em 2009.