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Ex-presidente uruguaio Lacalle Herrera culpa Chávez por Mercosul "ideológico"

25/11/2020 11h58

Assunção, 24 nov (EFE) .- Presidente do Uruguai entre 1990 e 1995, Luis Alberto Lacalle Herrera disse nesta terça-feira, durante uma visita a Assunção, no Paraguai, que a chegada de Hugo Chávez ao poder na Venezuela (1999-2013) foi responsável por tornar o Mercosul um bloco "ideológico".

Essa é uma das ideias que ele expõe em seu livro "Mercosur: Nacimiento, vida y decadencia", publicado em março deste ano, e com o qual presenteou o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez durante uma reunião no Palácio do Governo nesta terça.

O político, de 79 anos e pai do atual presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, também apresentará sua obra na próxima quinta-feira na Biblioteca do Congresso do Paraguai.

MERCOSUL POLÍTICO E IDEOLÓGICO.

O Mercado Comum do Sul foi fundado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai com a assinatura do Tratado de Assunção.

A Venezuela entrou para o Mercosul em 2012, mas está suspensa desde dezembro de 2016, pelo descumprimento de seu Protocolo de Adesão, e desde agosto de 2017, pela violação da Cláusula Democrática do bloco.

Lacalle Herrera, que era presidente do Uruguai em 1991, disse a jornalistas, após o encontro com Benítez, que participou das negociações para a formação do bloco e que, em seus primeiros anos, o Mercosul avançou de forma trabalhosa.

"Apareceram o Chávez, o governo da Venezuela, e se formou um Mercosul político, partidário, ideológico... porque os presidentes (do resto do bloco) estavam mais ou menos do mesmo lado", explicou, em referência aos ex-mandatários Fernando Lugo, do Paraguai; Tabaré Vázquez e José Mujica, do Uruguai; Néstor e Cristina Kirchner, da Argentina; e Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do Brasil.

Para Lacalle Herrera, essa virada representou "um grande erro" porque "os tratados não são assinados entre governos, mas entre países".

Por isso, para ele, o Mercosul deve "descartar qualquer questão ideológica, e tratar apenas de negócios e investimentos entre os quatro países do bloco, que também precisam se unir para buscar um posicionamento melhor com relação aos grandes mercados".

"Acho que temos que voltar aos negócios, que era o objetivo que tínhamos em Assunção em 1991", concluiu.