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Banco Central Europeu admite operar com moeda digital em até 4 anos

Lagarde explicou que o BCE iniciou as consultas e testes necessários para desenvolver este euro digital - POOL/Reuters
Lagarde explicou que o BCE iniciou as consultas e testes necessários para desenvolver este euro digital Imagem: POOL/Reuters

Em Londres

11/02/2021 00h12

O BCE (Banco Central Europeu) poderá ter uma moeda digital "nos próximos quatro anos", conforme revelou ontem a presidente da instituição, Christine Lagarde, durante seminário virtual organizado pela revista "The Economist".

Lagarde explicou que o BCE iniciou as consultas e testes necessários para desenvolver este euro digital e reconheceu que a China, que se prepara para o lançamento do yuan, "está na vanguarda", em uma área que o BCE precisa "acelerar o processo".

Questionada pela diretora do "The Economist", Zanny Minton Beddoes, a presidente do BCE indicou que espera que a criação da moeda para a zona do euro leve "menos tempo" do que os cerca de seis anos que levou Pequim para prepare sua criptomoeda.

"É difícil dizer, mas eu diria que nos próximos quatro anos estaremos lá", afirmou.

Lagarde salientou que se deve assegurar que a futura moeda digital, que "não substituirá as notas" no papel, "respeite a privacidade" e não facilite a "venda de dados pessoais ou a exploração dos mesmos".

A moeda digital patrocinada pelo BCE seria canalizada por meio de bancos e seria "completamente segura".

"Temos em mente a estabilidade do sistema, devemos ter cuidado para que seja um meio de pagamento e não de especulação, que não seja usado para explorar a estabilidade do sistema bancário", afirmou.

Na conversa, Lagarde opinou que "bitcoin não é uma moeda digital", pois carece dos elementos de "estabilidade necessários" para atender a essa definição, e afirmou que se trata de um "ativo criptográfico" que está sendo "explorado" de diferentes formas.

Ela descartou que os bancos centrais comprem "bitcoin" para suas reservas: "Acho que é altamente improvável, senão impossível", declarou.

Durante o seu discurso, Lagarde elogiou a "impressionante" gestão da pandemia por parte das autoridades da União Europeia (UE), incluindo o BCE - salvo as últimas dificuldades com as vacinas -, e admitiu que a crise aumentou as desigualdades a nível mundial.

Ela ressaltou que, na recuperação de cada país, deve-se levar em consideração que as mulheres "sofreram muito com o agravamento das desigualdades econômicas" derivadas da crise sanitária.

Christine Lagarde também observou que os países europeus devem manter os estímulos econômicos e fiscais pelo menos até 2021 "e certamente mais além", dependendo de como a vacinação e outras medidas para conter o vírus progridem.