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UE se junta aos EUA e exige "transparência" sobre origem da pandemia

10/06/2021 13h58

Bruxelas, 10 jun (EFE).- A União Europeia (UE) exigiu nesta quinta-feira "transparência" sobre a origem da pandemia, e juntou-se às reivindicações dos Estados Unidos contra a China para saber como e onde surgiu o vírus SARS-CoV-2.

"Apoiamos todos os esforços para alcançar a transparência e conhecer a verdade", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na coletiva de imprensa que antecede a cúpula do G7 que começa amanhã no Reino Unido, na qual os líderes europeus terão a primeira oportunidade de se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

"É extremamente importante que saibamos a origem da Covid-19 para garantir que isso não volte a acontecer", destacou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, na mesma coletiva.

As dúvidas sobre a verdadeira origem do vírus aumentaram nas últimas semanas, depois que Biden deu aos serviços de inteligência dos EUA 90 dias para descobrir se poderia ter emergido acidentalmente de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan.

Essa tese, defendida inicialmente por seu antecessor, Donald Trump, foi descartada por pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) que viajaram a Wuhan para tentar saber como se originou a pandemia e também pelo governo chinês.

A missão da OMS, no entanto, não chegou a um resultado conclusivo, além do fato de que o vírus saltou de um animal para humanos, e o relatório levantou dúvidas por conta da pressão de Pequim sobre os pesquisadores.

"Há uma grande variedade de opções diferentes que estão sendo investigadas agora e é importante que tenhamos precisão para ter uma única fotografia do início da pandemia", disse Von der Leyen hoje.

"Por isso, as equipes de investigação precisam de um acesso real às informações", acrescentou.

SINTONIA COM WASHINGTON.

Com esta exigência, a UE mostrou-se sintonizada com a atual administração americana, com a qual pretende estreitar as relações transatlânticas depois dos quatro anos de Trump.

"É bom que os Estados Unidos tenham voltado", comemorou Von der Leyen, que garantiu que "esperamos muito ter esse G7 novamente", com países "que compartilham os mesmos valores, que compartilham os mesmos interesses e a mesma visão de mundo".

"Com o retorno dos Estados Unidos ao cenário internacional, esperamos que o G7 apoie ações efetivas para fortalecer o multilateralismo", ressaltou a presidente da Comissão Europeia.

Nesse sentido, Michel afirmou que "o G7 (...) vai reafirmar nossa crença nas sociedades abertas, no multilateralismo e nos valores democráticos" e confirmou que as principais economias do mundo - Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão - também discutirão suas relações com a Rússia, que expulsaram do grupo após a anexação da Crimeia em 2014.

"Compartilhamos opiniões semelhantes sobre as ações disruptivas da Rússia", disse Michel.

PATENTES.

No entanto, Bruxelas e Washington discordam em relação à liberalização de patentes ser a melhor maneira de acelerar a vacinação em todo o mundo.

"A liberalização de patentes pode soar boa, mas não é uma panaceia", destacou Michel, diante da proposta de Biden, que ainda não foi finalizada.

A União Europeia está empenhada na transferência voluntária de patentes e, caso as empresas farmacêuticas se recusem a fazê-lo, obrigando-as a vendê-las a preços acessíveis, de forma a obterem uma remuneração que as incentive a continuar suas pesquisas.

IMPOSTO DE SOCIEDADES.

O presidente do Conselho Europeu disse ainda que outro dos pontos do G7 será o da "tributação internacional", depois de os ministros das Finanças do grupo terem acordado um imposto societário mínimo de 15% para as grandes empresas multinacionais.

Os líderes do G7 devem agora ratificar esse acordo que a UE quer aproveitar para tentar chegar a um pacto global, tanto na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como no G20.

Em um encontro no qual Índia, África do Sul e Coréia do Sul serão convidados, os líderes do G7 também abordarão as relações com a China e a situação em Belarus.