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Inflação na Argentina desacelera ritmo ainda elevado de crescimento

13/08/2021 01h22

Natalia Kidd

Buenos Aires, 12 ago (EFE).- A inflação na Argentina confirmou em julho a tendência de uma tênue desaceleração que tem sido evidente desde abril, embora os preços ainda estejam crescendo em um nível muito alto, e a expectativa de inflação anual seja mais alta do que a de 2020.

O Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec) informou nesta quinta-feira que os preços ao consumidor na Argentina subiram 3% em julho, em comparação com o mês anterior.

O percentual confirma a tendência de desaceleração que vem sendo registrada desde abril - em março, o salto mensal foi de 4,8%, o nível mais alto até agora neste ano.

A taxa de julho foi a mais baixa desde setembro de 2020, quando os preços avançaram 2,8% em relação a agosto.

Já os preços ao consumidor avançaram 51,8% em julho em relação ao mesmo mês em 2020 e acumularam um aumento de 29,1% nos primeiros sete meses de 2021, ultrapassando a meta que o governo havia estabelecido para todo o ano.

"Temos problemas, e a inflação é um deles. Continuamos trabalhando nisso", disse nesta quinta-feira o presidente da Argentina, Alberto Fernández, culpando os "aumentos excessivos", especialmente na alimentação, pela "voracidade dos formadores de preços".

De acordo com o relatório oficial, as maiores altas em julho foram dos setores de restaurantes e hotéis (4,8%), saúde (3,8%) e alimentos e bebidas (3,4%), sendo este último o de maior impacto no indicador e com um impacto direto na medição do custo da cesta básica que demarca o nível de pobreza.

"A inflação está caindo lentamente, mais lentamente do que gostaríamos", disse Cecilia Todesca, vice-chefe de Gabinete do governo, em entrevista coletiva na quarta-feira.

A ligeira redução no ritmo de crescimento dos preços se deve a vários fatores. Por um lado, excluindo os aumentos acentuados dos serviços de saúde privados autorizados para os próximos meses, o mesmo não deve ocorrer com outros preços regulamentados, como os de combustíveis e serviços públicos.

Além disso, os altos preços internacionais das commodities, que estavam encarecendo os alimentos no mercado interno, parecem ter desacelerado a tendência ascendente.

Da mesma forma, a taxa de câmbio do dólar no mercado local, cujo comportamento tem um impacto direto sobre os preços gerais da economia argentina, ainda está sob relativo controle, apesar de alguns choques específicos e da possibilidade de algumas correções no contexto das eleições legislativas de novembro.

Além desta última possibilidade, existem outros fatores que podem limitar a desaceleração da inflação, entre eles os incentivos oficiais ao consumo para estimular a reativação econômica e a reabertura das negociações salariais.

As últimas previsões privadas coletadas mensalmente pelo Banco Central sustentam uma continuação da tendência atual: a inflação seria de 2,8% em agosto e 2,7% em setembro.

Mesmo que sejam inferiores ao primeiro semestre do ano, as taxas de inflação previstas para os próximos meses são muito altas.

A meta anual de 29% estabelecida pelo governo no Orçamento de 2021 já foi atingida, e economistas privados consultados pelo Banco Central projetam um aumento médio de 48,2% para este ano, acima da taxa de 36,1% registrada em 2020.

"As expectativas do mercado permanecem altas para a inflação diante da incerteza do mercado. Estimamos que esta dinâmica de preços será sustentada até o final do ano e, pelo menos, o primeiro trimestre de 2022", disse o economista Martín Calveira, da Escola de Negócios IAE da Universidade Austral.