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Inflação na Argentina desacelera, mas continua em patamar elevado

15/09/2021 04h47

Buenos Aires, 14 set (EFE).- A inflação na Argentina foi de 2,5% em agosto, a taxa mais baixa desde julho do ano passado, mas continua em um patamar muito elevado e os especialistas não descartam uma nova aceleração nos próximos meses.

De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), o índice de preços ao consumidor subiu 2,5% em agosto em comparação com julho e registrou uma alta de 51,4% em relação ao ano passado.

A evolução dos preços confirma a tendência de desaceleração verificada desde abril, após a inflação ter registrado em março uma alta de 4,8%, o maior nível neste ano. Em julho, a taxa havia sido de 3%. Nos últimos oito primeiros meses do ano os preços acumularam um aumento de 32,3% superando a meta de 29% estabelecida pelo governo para todo o 2021.

DESINFLAÇÃO OU INÉRCIA?

O governo de Alberto Fernández garante que os preços estão em uma "trajetória descendente".

"Hoje a Argentina está estabelecida em um processo gradual e persistente de desinflação", disse o ministro da Economia, Martín Guzmán, em entrevista televisionada recentemente.

No entanto, nem todos interpretam a curva de comportamento dos preços como uma trajetória consolidada de desinflação: há especialistas que preferem falar em "inércia" inflacionária ou de um "assentamento" de preços em uma taxa próxima de 3% ao mês, que é muito elevada quando projetada em uma base anualizada.

"Após o pico em março, a inflação mostrou alguma redução até junho e depois para cerca de 3%", informou a consultoria Analytica em relatório.

Para a empresa de consultoria, a "menor volatilidade mensal da inflação, produto dos controles de câmbio, requer maior dureza fiscal e monetária para atacar o fenômeno e, ao mesmo tempo, estratégias que lidem com a inércia e expectativas", incluindo acordos com empresas e sindicatos e reformas estruturais que complementem a política econômica.

PARA A FRENTE.

Olhando para a dinâmica dos preços atuais, os economistas privados que o Banco Central consulta todos os meses para as suas expectativas informam que a inflação será de 48,4% neste ano, muito acima da taxa de 36,1% de 2020.

De acordo com estas previsões, a inflação seria de 2,7% em setembro e 2,7% em outubro, mas acelerando novamente de novembro até janeiro de 2022, quando atingiria 3,3%.

Além de levar em conta variáveis macroeconômicas e outras, como a evolução da pandemia e fatores sazonais, os especialistas analisam também como o resultado das primárias do domingo passado, nas quais o partido no poder sofreu um grave revés, e o resultado das eleições legislativas de novembro podem afetar a economia em geral e a inflação.

Para Marcelo Capello, economista-chefe do Instituto de Estudos sobre a Realidade Argentina e Latino-Americana (IERAL) da Fundación Mediterránea, se, após as eleições de novembro, o partido no poder considerar que tem uma probabilidade elevada ou média de manter o poder nas eleições presidenciais de 2023, "a partir de janeiro de 2022 poderá haver mudanças na política econômica destinadas a acomodar algumas variáveis desequilibradas".

Mas, segundo o economista, se o governo vir que tem poucas chances de ganhar as eleições gerais de 2023, "poderá adotar políticas fiscais e monetárias muito expansionistas".

Se este último cenário vier a ocorrer e "uma política fiscal e monetária ainda mais expansiva do que o que tem acontecido no segundo semestre deste ano for implementada, as consequências serão claramente uma inflação mais elevada", advertiu Capello. EFE

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