México regulariza carros irregulares vindos dos EUA com polêmico decreto
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, publicou o decreto inesperado na edição noturna do Diário Oficial, razão pela qual a Associação Mexicana de Distribuidores Automotivos (AMDA) chamou sua publicação de "infeliz" e "surpreendente".
"O compromisso expresso pelo próprio presidente foi de iniciar um diálogo com o setor automotivo. O decreto foi uma surpresa e o compromisso não foi cumprido", disse Guillermo Rosales, presidente da AMDA, em declarações à imprensa local.
A polêmica dos "autos chocolate" começou em 2019, quando o partido governante Movimento Nacional de Regeneração (Morena) propôs legalizá-los para arrecadar mais 50 bilhões de pesos (quase US$ 2,445 bilhões).
Câmaras do setor automotivo, como a AMDA, questionaram esses números e alertaram para um risco de queda de mais de 30% nas vendas domésticas.
López Obrador anunciou em outubro do ano passado a regularização desses veículos, com o argumento de ajudar os pobres e combater a insegurança nos estados da fronteira norte (Baja California, Sonora, Chihuahua, Coahuila, Nuevo León e Tamaulipas).
Porém, o decreto publicado ontem estende os benefícios para Baja California Sur, Durango, Michoacán e Nayarit, estados que não fazem fronteira com os Estados Unidos.
O governo estima que existem "dois milhões de veículos irregulares de origem estrangeira" no país, que agora serão registrados no Registro Público de Veículos com a condição de que o proprietário pague 2.500 pesos (pouco mais de US$ 120).
"É necessário registrar e controlar a permanência e circulação no país de todos os veículos, permitindo assim sua rastreabilidade como instrumento auxiliar das atividades em matéria de segurança pública das três esferas de governo", argumenta o texto do Diário Oficial.
Apesar dos argumentos do governo, a AMDA o considerou "um decreto para promover a regularização do contrabando de automóveis".
Em particular, o setor lamenta que o decreto seja publicado após a indústria automotiva, principal componente do Produto Interno Bruto industrial mexicano, ter recuado 2% em 2021 devido a gargalos na importação de semicondutores e a uma exportação que não atingiu os níveis esperados.
"Ruim e má intencionada é a publicação do decreto que, longe de promover emprego e investimento, premia a ilegalidade e a informalidade", criticou Arturo Rangel, vice-presidente do setor automotivo da Câmara Nacional da Indústria de Transformação (Canacintra), em sua conta no Twitter. EFE
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso do UOL.