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México regulariza carros irregulares vindos dos EUA com polêmico decreto

20/01/2022 18h06

Cidade do México, 20 jan (EFE).- O governo do México regularizou milhões dos chamados "autos chocolate", como são conhecidos os carros que entram irregularmente dos Estados Unidos, com um polêmico decreto que surpreendeu a indústria automotiva local.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, publicou o decreto inesperado na edição noturna do Diário Oficial, razão pela qual a Associação Mexicana de Distribuidores Automotivos (AMDA) chamou sua publicação de "infeliz" e "surpreendente".

"O compromisso expresso pelo próprio presidente foi de iniciar um diálogo com o setor automotivo. O decreto foi uma surpresa e o compromisso não foi cumprido", disse Guillermo Rosales, presidente da AMDA, em declarações à imprensa local.

A polêmica dos "autos chocolate" começou em 2019, quando o partido governante Movimento Nacional de Regeneração (Morena) propôs legalizá-los para arrecadar mais 50 bilhões de pesos (quase US$ 2,445 bilhões).

Câmaras do setor automotivo, como a AMDA, questionaram esses números e alertaram para um risco de queda de mais de 30% nas vendas domésticas.

López Obrador anunciou em outubro do ano passado a regularização desses veículos, com o argumento de ajudar os pobres e combater a insegurança nos estados da fronteira norte (Baja California, Sonora, Chihuahua, Coahuila, Nuevo León e Tamaulipas).

Porém, o decreto publicado ontem estende os benefícios para Baja California Sur, Durango, Michoacán e Nayarit, estados que não fazem fronteira com os Estados Unidos.

O governo estima que existem "dois milhões de veículos irregulares de origem estrangeira" no país, que agora serão registrados no Registro Público de Veículos com a condição de que o proprietário pague 2.500 pesos (pouco mais de US$ 120).

"É necessário registrar e controlar a permanência e circulação no país de todos os veículos, permitindo assim sua rastreabilidade como instrumento auxiliar das atividades em matéria de segurança pública das três esferas de governo", argumenta o texto do Diário Oficial.

Apesar dos argumentos do governo, a AMDA o considerou "um decreto para promover a regularização do contrabando de automóveis".

Em particular, o setor lamenta que o decreto seja publicado após a indústria automotiva, principal componente do Produto Interno Bruto industrial mexicano, ter recuado 2% em 2021 devido a gargalos na importação de semicondutores e a uma exportação que não atingiu os níveis esperados.

"Ruim e má intencionada é a publicação do decreto que, longe de promover emprego e investimento, premia a ilegalidade e a informalidade", criticou Arturo Rangel, vice-presidente do setor automotivo da Câmara Nacional da Indústria de Transformação (Canacintra), em sua conta no Twitter. EFE