Reforma da Previdência vai continuar refém da crise política, diz Eurasia
Altamiro Silva Junior e Aline Bronzati
São Paulo
30/05/2017 15h55
"O momento é fluido e não é fácil antecipar o que pode ocorrer", disse o diretor da Eurasia durante debate no Fórum de Investimento Brasil 2017, promovido pelo governo. Garman classificou os últimos acontecimentos em Brasília como "dramáticos", mas destacou que o mercado, apesar do estresse inicial, recebeu os acontecimentos com certa tranquilidade. Uma das razões, avaliou ele, é a enorme liquidez externa, com capital procurando maior retorno. Outro fator é a maior percepção dos agentes de que há entre os políticos um consenso sobre a necessidade de se seguir com a agenda de reformas.
A Eurasia trabalha com a perspectiva de que a reforma trabalhista vai ser aprovada no Senado. Ao mesmo tempo, a avaliação agora é que ficou mais difícil o governo aprovar as mudanças na Previdência, mesmo com Temer tendo maioria no Congresso. Uma das possibilidades é que o texto fique ainda mais esvaziado caso seja aprovado. "A opinião pública é contra a reforma da Previdência", disse ele, destacando também que aumentou o ódio das pessoas com a classe política.
"A reforma da Previdência vai continuar refém da crise política", disse o analista da Eurasia. Para Garman, com a crise política e os vários escândalos em Brasília, aumentou o custo político e reputacional para os deputados e senadores estarem associados ao governo Temer. Este ponto pode pesar contra o governo nas reformas. Na medida em que se aproximar as eleições de 2018, deputados e senadores podem querer distanciar suas imagens do Planalto, de acordo com ele.
Em meio à incerteza política, Garman avaliou que vai haver mais pressão para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar a chapa que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.