Nível atual da taxa de juros real é baixo do ponto de vista histórico, diz Ilan
De acordo com Ilan Goldfajn, "as taxas reais acima de 20% na década de 90 passaram para algo em torno de 10% na década passada e chegaram a uma média de 5% nos últimos anos (considerando o período insustentável de juros reais de 2% no governo anterior)".
Selic em queda
O presidente do Banco Central afirmou também que a Selic (a taxa básica de juros da economia) está em processo de queda, "em face das expectativas de inflação ancoradas em torno da meta, da inflação em queda e do alto grau de ociosidade na economia".
Ele repetiu ainda uma ideia contida nas últimas comunicações do Banco Central, incluindo a ata do último encontro do Copom: a de que "para uma dada estimativa da extensão do ciclo, o ritmo de flexibilização depende do estágio do ciclo em que a política monetária se encontra, sem necessariamente refletir mudanças no seu cenário básico ou no balanço de riscos".
Ilan Goldfajn ressaltou que, em seu último encontro, o Copom decidiu reduzir a Selic em 1 ponto porcentual, para 10,25% ao ano, "e entendeu que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado deve se mostrar adequada em sua próxima reunião". Este ritmo, repetiu o presidente do BC, "continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".
Durante sua fala, ele voltou a falar ainda que "o cenário básico da instituição "prescreve a continuidade do ciclo de distensão da política monetária, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo". De acordo com Ilan, a flexibilidade do regime de metas para a inflação permite que o BC faça a adequação da política monetária aos possíveis cenários prospectivos.
O presidente do BC insistiu ainda, como vem fazendo em suas comunicações mais recentes, sobre o fato de as taxas de juros nominais e reais estarem caindo no Brasil. "A taxa Selic recuou 400 pontos-base nos últimos meses e há expectativa de quedas adicionais à frente", pontuou o presidente do BC. "As taxas de juros reais também recuaram de valores próximos a 9% a.a. em setembro de 2015 para a faixa de 4,2% a 5,1% atualmente", acrescentou.
Incerteza/política monetária
Ele repetiu também a ideia de que não há relação direta e mecânica entre aumento da incerteza e política monetária. Ao mesmo tempo, pontuou que o fator de risco principal atualmente é o aumento da incerteza sobre reformas.
Afirmou ainda que a atividade econômica dá sinais de estabilização no curto prazo. "Após dois anos de recessão, dados recentes corroboram o cenário de estabilização e a possível perspectiva de retomada gradual da economia ", disse.
O presidente do BC também voltou a citar o balanço de pagamentos "em situação confortável" e a dizer que a desinflação de alimentos e de produtos industriais pode ter efeitos secundários na inflação. Para ele, a queda nos preços dos alimentos e dos produtos industriais pode contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação.
De acordo com Ilan Goldfajn, a perspectiva para inflação deve evoluir de maneira favorável neste e nos próximos anos. "O comportamento da inflação permanece favorável", afirmou.
A respeito do cenário externo, Goldfajn disse que, apesar de "favorável no momento", ele apresenta considerável grau de incerteza "e pode dificultar o processo de desinflação".
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