É possível haver mudança estrutural na estratégia da Dívida Pública, diz Tesouro
Lorenna Rodrigues e Eduardo Rodrigues
Brasília
30/05/2018 16h47
"Com os bons fundamentos da economia brasileira, os títulos longos como a NTN-F deixam de ser interessantes. E devido à reprecificação global de preços dos ativos, o Tesouro prefere aguardar e não fazer emissões fortes desses títulos longos", afirmou. "A tendência é ofertar volumes significativamente menores desses papéis. Não queremos travar custos que hoje são considerados elevados", completou.
Franco frisou que o Tesouro mantém o compromisso de chegar ao fim do ano com o prazo médio do endividamento entre 4 e 4,2 anos. "Isso não afetará as bandas do PAF e nem significa um encurtamento da Dívida Pública. Temos flexibilidade para fazer isso", explicou. "Podemos deixar de emitir e usar colchão de liquidez ou emitir títulos com custos não tão elevados", acrescentou.
Segundo ele, essa estratégia é coerente com a gestão responsável da Dívida Pública e pode ser revertida em algum momento. "Se as taxas mudarem e a ponta longa ceder, o Tesouro pode rever essa estratégia", concluiu.
Impacto da greve
O subsecretário da Dívida Pública disse também não ter ainda uma avaliação sobre o impacto da greve dos caminhoneiros sobre o mercado interno de títulos públicos.
Ele admitiu, porém, que esse é um dos fatores que levaram ao Tesouro Nacional a rever a sua estratégia, com a realização de leilões extraordinários de recompra títulos nesta semana e a redução da emissão de títulos longos daqui para frente. "Não temos ainda todas as respostas, e nem o mercado tem. Houve reprecificação de ativos por causa de desdobramentos do cenário externo, devido à última decisão do Copom e também pela greve de caminhoneiros. Mas é difícil determinar o peso de cada um", alegou.
De acordo com o Tesouro, o colchão de liquidez da dívida hoje é de R$ 575 bilhões, superior a sete meses de rolagem de títulos.
"Leilões extraordinários foram feitos em 2013, 2015 com downgrade do rating brasileiro e os problemas fiscais do País, em 2016 com a eleição do Donald Trump nos EUA, e em maio de 2017 com delação da JBS", lembrou.