Melhora do déficit público veio de alta da receita e retração em despesa, diz BC
Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Brasília
30/07/2018 11h47
"Cabe destacar o superávit do governo federal de R$ 62,446 bilhões no primeiro semestre, ante um saldo positivo de R$ 28,502 bilhões no mesmo período de 2017", afirmou.
Lemos destacou ainda que houve uma retração no superávit dos governos regionais no primeiro semestre para R$ 13,214 bilhões, mas avaliou que esse desempenho está em linha com a meta deste ano para Estados e municípios.
O economista do BC evitou comentar como o rombo primário de R$ 14,424 bilhões no primeiro semestre alcançará a meta de déficit do setor público de R$ 161,3 bilhões deste ano. "Cabe ao Tesouro Nacional comentar a execução fiscal", limitou-se a responder.
Juros
Lemos disse que a alta no pagamento de juros pelo setor público consolidado em junho foi impactada pelo resultado do BC com swaps cambiais. No mês passado, a conta de juros chegou a R$ 44,450 bilhões, ante R$ 31,511 bilhões em junho de 2017.
"A alta do pagamento de juros em junho está ligada a perdas de US$ 7,1 bi com swaps", afirmou. "A alta do IPCA de 1,26% em junho também impactou a conta de juros, mas espera-se a reversão desse efeito já em julho", completou.
Lemos explicou ainda que o próprio aumento do estoque da dívida também impactou o montante de juros pagos no mês passado. "Por outro lado, houve redução da Selic em relação a junho de 2017. Cerca de 30% da dívida é baseada em IPCA e outros indicadores, e os outros 70% baseados na Selic", acrescentou.
Para o economista do BC, a alta da conta de juros em junho não deve alterar a trajetória declinante dessa despesa. Essa conta em 12 meses chegou a 5,94% do PIB em junho, ante 5,77% em maio. Em dezembro do ano passado, estava em 6,11% do PIB.
Segundo ele, o resultado de swap está positivo em julho e deve contrabalançar perdas recentes. "Essa estatística ainda carrega a Selic mais alta de 2017, a inflação de junho impactada pela greve dos caminhoneiros e a perda de swaps em meses recentes. Quando esses fatores começarem a se dissipar, a conta de juros voltará para uma trajetória de redução", completou.
Dívida
Lemos apresentou a elasticidade da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) ante o PIB em relação às variáveis que interferem em seu resultado. No caso do câmbio, cada 1% de variação tem impacto imediato de 0,16 ponto porcentual (p.p.) em sentido oposto, o que equivale a R$ 10,4 bilhões.
No caso da Selic, cada 1 p.p. de alteração mantida por 12 meses tem reflexo de 0,4 p.p. na DLSP/PIB no mesmo sentido, o que representa R$ 26,9 bilhões em valores correntes.
Já cada alta ou baixa da inflação (basicamente IPCA) de 1 p.p. mantido por 12 meses tem impacto de 0,15 p.p. no mesmo sentido na DLSP/PIB, ou R$ 10,1 bilhões em valores nominais.