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Tesouro: intervalo para papéis atrelados à Selic sobe para 33% a 37% da dívida

Eduardo Rodrigues e Idiana Tomazelli

Brasília

05/09/2018 18h58

O Tesouro Nacional anunciou nesta quarta-feira, 5, uma alteração no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2018 para acomodar um aumento da participação de títulos atrelados à Selic na composição total da Dívida Pública Federal (DPF). O órgão adiantou ainda que pode ajustar sua estratégia para reduzir a oferta global de títulos no ano.

O intervalo perseguido pelo Tesouro para esses títulos em 2018 ia de 31% a 35%, mas agora poderá ficar entre 33% e 37% até o fim do ano. No fim de julho, esses títulos respondiam por 33,64% do total.

"O atual nível de incerteza nos cenários internacional e doméstico afeta o grau de aversão ao risco dos investidores e, consequentemente, as condições de demanda por títulos públicos de mais longo prazo", considerou o Tesouro, em nota.

Segundo o órgão, essas condições adversas no mercado pedem cautela na oferta de títulos, em especial prefixados e atrelados à inflação. "Essa é uma forma de evitar a adição de pressão sobre o próprio custo de financiamento do Tesouro Nacional", completou o documento.

O Tesouro afirmou ainda que pode ajustar sua estratégia no ano, com a redução da oferta de papéis, o que implicaria realizar emissões inferiores aos vencimentos, ou seja uma menor rolagem da dívida. "O nível atual do colchão de liquidez da DPF oferece conforto para essa atuação mais cautelosa", acrescentou o órgão.

Apesar da revisão para cima da parcela de títulos de Selic neste ano, o Tesouro alegou que manterá sua referência de longo prazo para reduzir a participação dos papéis atrelados à taxa básica de juros, bem como para aumentar a participação dos papéis prefixados e remunerados por índices de preços.

"No entanto, a execução da estratégia observará sempre as condições de mercado, podendo ocorrer ajustamentos temporários da trajetória de convergência aos objetivos de longo prazo", argumentou a instituição. "A revisão deste PAF confere flexibilidade ao gestor da dívida para atuar, em momentos de volatilidade, em favor do bom funcionamento do mercado de renda fixa brasileiro", concluiu.

As demais metas do PAF 2018 não foram alteradas. Para os papéis prefixados, o plano prevê uma parcela em 2018 que vai de 32% a 36%. No caso dos papéis que têm índices de preço como referência, a meta é de 27% a 31% .Para os títulos atrelados ao câmbio, as bandas do PAF 2018 seguem em 3% a 7%.

O PAF de 2018 prevê ainda que o estoque da DPF encerre este ano entre R$ 3,780 trilhões e R$ 3,980 trilhões. Ao fim de julho, estava em R$ 3,748 trilhões. O PAF ainda estipula que o prazo médio da DPF encerre este ano entre 4 anos e 4,20 anos (4,17 anos em julho), com a parcela a vencer em 12 meses entre 15% a 18% do total (19,90% em julho).