Quase metade dos inadimplentes usa canais digitais
Gabriel Roca
São Paulo
29/10/2018 11h33
"Tentei negociar, mas a parcela era muito alta. A gente fica constrangido, porque quer pagar, mas sem emprego não dá." Ele conta que, junto com a esposa, começou a procurar ofertas melhores.
Por meio de um dos novos serviços de renegociação de dívidas na internet, fez uma proposta e obteve desconto de 92% no valor devido. Suas dívidas, que totalizavam R$ 24 mil, foram quitadas por R$ 1.878.
Marques não está sozinho em buscar de canais digitais - portais de autonegociação, chat, e-mail, SMS, WhatsApp, Messenger e agente virtual - para renegociar pendências. Quase a metade dos brasileiros (48,8%) com contas em atraso já negocia por meio de canais digitais, revela pesquisa do Instituto Geoc, que reúne 16 empresas de cobrança. A enquete, que ouviu 2.434 pessoas no início do mês, mostra que no último ano houve um avanço de 20% no volume de renegociações por meio de canais digitais.
Segundo Dilson Moura de Sá, fundador da Acordo Certo, fintech que atua no segmento de renegociação de dívidas, o número de acordos firmados mais do que triplicou - de 15 mil, em janeiro, para 55 mil, em setembro. Na BLU 365, houve um aumento de 8% no número de acordos fechados em 2018, diz Natália Alexandria, diretora comercial.
O movimento motivou o relançamento da ferramenta de renegociação de dívidas online da Serasa. Segundo o gerente da Serasa Consumidor, Lucas Lopes, atualmente, 27 milhões de pessoas podem renegociar suas dívidas na plataforma.
Em cerca de 90 dias, credores repassam a cobrança da dívida para empresas terceirizadas. Com acesso aos dados do devedor, tem início o trabalho de organização da informações. Por meio de ferramentas de inteligência artificial e análise de dados, são exploradas outras formas para que o inadimplente renegocie a dívida.
"Colocamos anúncios direcionados, usamos algoritmos e marketing digital para que o cliente chegue até nós", diz Sá, da Acordo Certo. Em 60% dos acordos fechados, é o devedor quem busca a empresa para saldar dívidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.